sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Top 20 Discos Internacionais (pt. 2)

10. Gruff Rhys – Hotel Shampoo


Terceiro disco solo do vocalista/guitarrista dos Super Furry Animals (uma das minhas bandas preferidas!!!). Pop – na acepção menos asséptica da palavra – de primeiríssima linha, com certeza o disco mais classudo do ano, mal posso esperar pelo próximos dos Furries.

9. Noel Gallagher – Noel Gallagher´s High Flying Birds


O bom é velho Noel já é quase um tiozão, mas continua com a mão afiada para boas músicas, e ainda se aventurou por caminhos que não ousava no Oasis, como corais femininos, uma brass band ao estilo de Nova Orleans e até uma faixa dançante ao bom estilo de Manchester. Que venham mais discos desse, que descobri ser um cara muito boa gente!

8. The Horrors – Skying


Banda mais hypada da Inglaterra atualmente. E o disco é muito bom mesmo, camadas e mais camadas de guitarras e teclados formam um som bem coeso e bom de ouvir. Deveria haver mais bandas novas como essa.

7. The Black Keys – El Camino


Olha os caras de novo no nosso top de final de ano! Mamma mia, que discaço! Depois do estrondoso sucesso do último disco, voltaram a ser produzidos pelo Danger Mouse (Gnarls Barkley, Gorillaz e etc.). Um disco honesto até a medula, retrô e moderno ao mesmo tempo (dá para entender isso? Melhor ouvir).

6. Cat´s Eyes - Cat´s Eyes


O vocalista dos Horrors se junta com uma cantor lírica e de formação erudita para fazerem um disco com inspiração nos Girl Groups de outrora. Uma verdadeira viagem ao lado romântico e dark side dos anos 60. Tem um quê de Velvet Underground, só que menos cru e com a Nico participando mais. O disco mais cool do ano.

5. Arctic Monkeys – Suck It And See


A macacada voltou com tudo para o quarto disco. AS músicas grudam demais no ouvido. Os caras mandam bem demais.

4. Tom Waits – Bade As Me


O que mais pode ser falado sobre o Tom Waits? Sendo direto, esse disco, como definiu parte da imprensa musical britânica, parece um Best of do cara, só que com músicas inéditas. Keith Richards e Flea fazem participações especiais.

3. tUNE-yARDS - Whokill


Um disco que eu comprei às cegas e que me deixou completamente embasbacado. Sem dúvida o álbum mais instigante e criativo que ouvi esse ano. E melhor, foi lançado no Brasil.

2. PJ Harvey – Let England Shake


Aqui a porca vai torcer o rabo! Foi o disco do ano para 90% das publicações gringas especializadas em música. O disco é demais e tem cara de clássico. Dessa lista, certamente é o único disco que será lembrado daqui a 20, 30 anos. Aqui, como diz o Maurício Valladares (Ronca Ronca) é a “parte funda da piscina”! E então por que cargas d’água não o escolhi como o melhor disco internacional do ano? Para saber a resposta é só continuar lendo.

1. TV On The Radio – Nine Types Of Light


A resposta é simples! Porque a vida não é uma ciência exata, e certas coisas são subjetivas demais para serem explicadas. O fato é que esse disco me pirou a cabeça desde a primeira vez que o ouvi! O TVOTR é uma banda que caiu no meu gosto de um par de anos para cá e um dos únicos grupos desses anos 2000 em diante que tem um trabalho realmente autêntico (original ninguém mais consegue ser). Um discaço do começo ao fim, mantém o padrão de qualidade da banda, mas dessa vez é um pouco menos difícil.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Top 20 (e 1) Discos Internacionais de 2011

Tal qual no cenário nacional, lá fora o ano também me pareceu mais generoso em termos de lançamentos musicais, tanto que deu para fazer um top 20 (e 1), ao invés dos apenas 5 do ano passado.

21. Jah Wobble e Julie Campbell – Psychic Life


O grande Jah Wobble fez um disco bem bacana com a cantor de Manchester também conhecida por Lonelady. O assunto aqui é música para dançar, mas entrou na lista por causa das duas colaborações com o guitarrista Keith Levene (ambos ex PIL) desde o clássico absoluto Metal Box.

20. Bon Iver – Bon Iver, Bon Iver


Segundo disco do projeto de Justin Vernon, agora muito mais banda do que o primeiro. O disco é muito bonito, mas de início me pareceu bem linear, mas algo me diz que crescerá com mais audições.

19. Warpaint – The Fool


The Cure encontra PJ Harvey.


18.Metronomy – English Riviera


Meio orgânico, meio eletrônico, meio loung, meio para pista. Bem bom!


17.James Blake – James Blake


Já falei sobre esse disco aqui. Dizem que tem uma pegada dubstep, mas eu acho que está mais para um trip hop mais moderninho. Um disco que valoriza os silêncios, muito bonito mesmo.

16. St. Vincent – Strange Mercy


Nunca tinha ouvido nada da “banda” dessa menina, mas gostei bastante. Tem bastante guitarra e a voz dele é bem cool.

15. Ghost Poet – Peanut Butter Blues & Melancholy Jam


É ingles, um hip hop meio modernoso, com umas bases bem puxadas para o dubstep. Além das batidas o destaque fica com o volcal, mais falado, e o sotaque britânico dá um charme extra.

14. Shabazz Palaces – Black Up


Duo norte-americano, com base em Seattle, e formado por um dos caras do Digable Planets (lembra dos anos 90?). Lançaram o primeiro disco pela gravadora do Grunge, e do Nirvana. O som mais doido que você poderia ter ouvido esse ano. É como o hip hop do futuro deveria soar!

13. Anna Calvi – Anna Calvi


Junte PJ Harvey (a Anna Calvi nega), com trilhas de western do Morricone com um toque de flamenco e você tem um dos discos mais legais do ano. A voz dela é realmente poderosa!

12. R.E.M. – Collapse Into Now


Não desceu muito bem na primeira audição. Quando ouvi na estrada, dirigindo, tudo mudou. Com o anúncio do fim da banda ganhou outra dimensão. Também poderia ser um forte concorrente para capa de disco mais feia do ano (mas alguém ainda liga para capa de disco? Bom, eu sim).

11. Thurston Moore – Demolished Thoughts


Ele se juntou com o Beck (como produtor), e fez um disco acústico, com arranjos de cordas muito belos. Algumas músicas parecem, claro, Sonic Youth acústico. O disco acabou entrando para a história, pois foi o último lançamento de um dos Sonic Youth antes da separação da banda (o último show rolou no SWU), motivada pela separação do casal Thurston e Kim Gordon.

Amanhã tem o Top 10!

Melhor disco ao vivo de 2011

Não me lembro de ter ouvido muitos discos ao vivo esse ano. Teve um do PIL, no festival da Ilha de Wight, que é bacana e tal, principalmente pelo "pau" que dá no som nas primeiras músicas. Vale como documento.

Mas o disco ao vivo que mais ouvi em 2011 foi esse do Caetano.

Cito a critica da revista Blitz, de Portugal: "Talvez um artista no fim do tempo (45 anos de carreira) comece finalmente a pensar em sobrevoar o tempo, despindo-se de adornos estilísticos mais carregados em favor de uma simples túnica elétrica de rock universal."

É isso mesmo, e a Banda Cê que acompanha Caê está redondinha que só, digo que (Pedro Sá).

Depeche Mode

E ainda dizem que a torcida brasileira dá espetáculo!

Ao invés de inventar um monte de musiquinhas piégas, as organizadas podiam se apropriar de músicas do cancioneiro pop ou popular brasileiro.

Show do ano!!!

Tá certo, não fui a um show sequer esse ano, mas está valendo, pois ocm o Primal Scream tocando o Screamadelica na íntegra, e em um show fora de festival, duvido que tenha havido algum show melhor.

Só uma palhinha do estrago que esses caras podem fazer ao vivo (sente a empolgação do Jools Holland ao final da música):

Um disco para o verão


O disco foi lançado em 2011, está disponível para download gratuito no site da banda, mas como não consegui ouvir com muita atenção, acabou ficando de fora da lista de melhores.

De qualquer forma, e o título do disco entrega isso sem qualquer dificuldade, com a cachola embaixo do sol (com chapéu, no meu caso), uma gelada na mão e na beira do mar - ou, vá lá, de uma piscina - esse som cairá muito bem no verão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Metá Metá: "O" disco do ano!!!!




Sem sombra de dúvida esse é, para mim, O DISCO DO ANO DE 2011, o melhor entre todos os álbuns, brasileiros ou não, que ouvi esse ano.

Sem exageros, não ficava empolgado (quase alucinado) com um disco brasileiro desde ..., sei lá, acho que isso aconteceu somente duas vezes nos últimos 20 anos, com A Vida é Doce, do Lobão (1999) e o Futura, da Nação Zumbi (2005).

Mas a pegada aqui é outra, muito diferente do trip hop poderoso do Lobo Mau.




Metá Metá é formado por Kiko Dinucci (violão e voz), Juçara Marçal (voz) e Thiago França (sax e flauta), e em Ioruba significa ‘feito por três ao mesmo tempo’. Sim, pode deixar a mente viajar, pois o termo também pode ser usado com uma conotação mais, digamos assim, maliciosa, o que faz todo sentido quando se ouve o disco.

Os três conduzem as ações e são auxiliados em algumas faixas, especialmente na segunda metade do álbum, por Samba Ossale (percussão), Sérgio Machado (bateria) e Rodrigo Campos (cavaquinho).

Só para tentar resumir o que eu penso desse álbum: o disco me soa como um trabalho muito foda, feito em uma época em que eram gravados muitos discos foda!!! Em outras palavras, parece um álbum feito em meados da década de 70. Posso até estar exagerando, mas a sensação que tive ao ouvir o disco pela primeira vez (sem qualquer expectativa, levado apenas pela admiração que tenho pelos outros trabalhos do Kiko Dinucci), e que se manteve a cada uma das inúmeras audições, é de que esse álbum é comparável a Acabou Chorare, Clube da Esquina, Cartola I e II, Elis & Tom, Transa e por aí vai.



Achei na internet um faixa a faixa feito por Ana Mesquita no site Pastilhas Coloridas, que agora compartilho com vocês:

“A sintonia dos três é infinitamente bela, Juçara tem voz doce e não se deixa enganar pelo falsete, voz firme, direta, que vem das entranhas, mas que passa pelo coração antes de sair de sua boca. A base do disco são os acordes do violão de Kiko fortemente influenciado pelo afro samba e afrobeat, mas com pegada própria, contemporânea. E o sax de Thiago tem um timbre que me emociona, me pega e me leva pra lembranças sonoras deliciosas.

"Vale do Jucá" abre o disco lindamente, toda delicada, mas com uma letra arrebatadora, falando do antigo e do atual, com um solo de sax tão triste e angustiante e uma marcação quase marcial de tempo. Música de Siba Veloso. Aliás, a escolha dos compositores desse disco é um capítulo a parte. Só gente talentosa, independentemente de valoração da fama. Percebe-se o cuidado com a pesquisa das canções para a criação de um álbum coeso, que expresse uma idéia única, dentro da diversidade de texturas rítmicas e harmônicas.

"Umbigada" de Lincoln Antônio te tira o nó da garganta deixado com a primeira música e te leva pra brincadeira da dança folclórica, a flauta transversal te conduz para esse caminho. "Papel Sulfite" de Jonathan Silva, é o alívio do coração, um pedido de perdão e de abertura ao novo em uma relação. É a fé no amor apesar do cotidiano que mata.
Quando começou "Trovoa" achei que seria simplesmente um poema recitado no meio do disco, mas Juçara vai dando ritmo ao canto e a forma inconfundível do canto falado – ou fala cantada wherever – da música paulistana do fim dos anos 70 e início dos 80 aparece certeira. Aqui a poesia se sobrepõe aos instrumentos, que fazem unicamente uma cama para que Juçara cante São Paulo da Santa Cecília até a Vila Ipojuca, jurando que vai virar mendingo caso seja abandonada. Maurício Pereira tem seu talento relembrando.

Choro toda vez que escuto "Samuel", parceria com Rodrigo Campos – que toca cavaquinho nessa faixa – a música trata de um garoto que vai aprontar na região da Paulista/Augusta. Um Afro Samba clássico lindo de morrer e emocionante, e que com uma par de versos diz mais do que muito livro teórico sobre o processo de urbanização de São Paulo e de como o centro é um local de exclusão. Expulsamos os pobres pras longínquas periferias e fazemos de conta que o problema não é nosso. Cidade partida. "Vias de Fato", composição de Edu Batata, Douglas Germano e Kiko Dinucci também é um afro samba, da solidão. “Sigo meu caminhar, nunca amanheço o mesmo”.

Agora tu vira o disco porque vai começar o lado B

E vai andentrar o mundo dos orixás do candomblé. "Oronian" e "Oba Iná" – a primeira parceria de Douglas Germano e Kiko Dinucci, e a segunda somente de Douglas – são daqueles tipos de música que dá vontade de sair dançando e cantando junto, porque você tem certeza algo muito bom vai acontecer com sua alma se fizer isso. Destaque para o sax de Thiago em "Obá Iná", quebradeira pura, solo inspirador.

"Obatalá" baixa a pulsação com uma melodia encantadora. É o melhor dos vídeos do Bagagem, de uma poesia visual e sonora rara. Composição solo de Kiko, a única somente dele.

O disco fecha com um ponto de Oxum. Uma amiga, filha de Oxum, usava somente branco toda sexta-feira, mas sempre com algum adereço dourado, porque sua mãezinha gosta muito. “Sai queimando bicho” denúncia a gravação ao vivo em estúdio. Na verdade nunca imaginei que tivesse sido gravado de outra forma esse disco, com todo o envolvimento e dedicação ao conjunto da obra despendido pelos três para fazer o melhor álbum brasileiro que saiu até agora. “



O disco foi lançado de forma totalmente gratuita e disponibilizado on line, e também pode ser baixado junto com um aplicativo, chamado Bagagem, no qual se tem acesso pelo computador ao encarte do álbum, e contém ainda um belo clipe para cada uma das faixas.
O disco foi lançado mais tarde em formato físico, e pode ser comprado no site do selo Desmonta, custa bem baratinho, R$ 10,00, mas seu valor é inestimável.

Deixo vocês com um apelo: não deixem de ouvir. Se não quiserem comprar, ao menos baixem o mp3 (WWW.kikodinucci.com.br), mas ouçam o disco com atenção e sem amarras.

Boa audição, e que em 2012 tenhamos mais álbums como esse.

Top 10 (11) Nacional de 2011

Esse ano de 2011 me pareceu, no geral um ano bem melhor que 2010 em termos de lançamentos musicais, nacionais ou internacionais. Ou, pelo menos, eu ouvi mais música.

Se, no ano passado, consegui fazer um Top 5, esse ano deu para fazer um top 10, top 11, na verdade, e isso não quer dizer que tenha ficado menos seletivo.

Aí vai, espero que leiam, ouçam, comentem e façam suas próprias listas:

11. Marina Lima – Clímax


A Marina Lima sempre foi uma compositora e intérprete muito elegante (ainda que tenha perdido a voz, eu gosto muito do resultado atual). Nesse disco parece ter voltado à boa forma. Não ia entrar na lista, mas por causa de duas músicas, a abertura com “Não me venha falar de amor”, com sua linha de baixo hipnotizante e um belo riff de guitarra e “Lex”, uma ode descarada ao Radiohead de In Rainbows (com direito a citação de “Canto de Ossanha”), ganhou lugar na lista. Na real , só duas músicas não encaixam, a cover de “Call Me” e a parceria com o Samuel Rosa, que parece uma música do Skank (o que não seria ruim, se não fosse um disco da Marina).

10. Copacabana Club – Tropical Splash


Rock dançante e muito divertido. Mùsica de festa. Funciona muito bem na pista e o show é muito bom. A produção é muito caprichada. Ainda que entenda a opção por cantarem em inglês, podiam arriscar algumas letras em português.

9. The Gilbertos – À Noite Sonhamos


Projeto do Thomas Pappon, vocalista da cultuada banda Fellini. Esse é o terceiro disco deles, dessa vez com uma acertada ênfase nas guitarras. Isso é o indie brasileiro de verdade, e o termo aqui é empregado no bom sentido.

8. Mundo Livre S/A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa


O rock samba da turma do 04 continua dando um caldo bom danado. Dessa vez está menos punk e mais espacial, mas continua malemolente que só!

7. Amabis – Memórias Luso-Africanas


Gui Amabis é produtor e trilheiro, além de ser parceiro constante da Céu (sua mulher) e do coletivo Instituto. Esse é seu primeiro disco solo, altamente recomendável. Cheio de climas elegantes e uma variação bacana de estilos nas faixas. Tem ótimas participações de Céu, Tulipa Ruiz e Criolo, dentre outros.

6. Romulo Fróes – Um Labirinto em Cada Pé


Os discos do Romulo Fróes estão ficando cada vez melhores a medida em que ele vai colocando o samba como um elemento mais diluído em sua mistura sonora. O som aqui tem uma pegada setentista de primeira, muito por conta das guitarras do Guilherme Held, que é um cara que vem despontando há algum tempo nessa nova cena paulistana, além de ser pupilo do lendário Lanny Gordin. A adição dos sopros do Thiago França também deram um toque a mais no álbum.

5. Karina Buhr – Longe de Onde


Ano passado ela já figurou no top 5 do blog e a evolução no seu segundo disco é evidente. Resultado: qualidade altíssima. E o disco ganha muito com as guitarras do Edgard Scandurra e do Fernando Catatau, mas a dona do brinquedo sem dúvida é a Karina Buhr. Algo me diz que ela ainda vai fazer muito barulho e atingir um público maior, além de ser, talvez a artista nova com maior potencial para uma carreira no exterior.

4. Marcelo Camelo – Toque Dela


Que se dane o preconceito da crítica musical pseudo-inteligente. Camelo soltou um disco muito bonito, alegre até, e muito bom! Como na maioria dos sons que têm me agradado, tem uma pegada setentista inconfundível – e por setentista entenda-se a música brasileira que era moderna na década de 70. A produção do Victor Rice deu um som bem legal à bolachinha.

3. Criolo – Nó na Orelha


Aqui estamos diante do que foi mais hype no ano. E se é hype, dá para desconfiar. Mas que está por trás desse disco do ex Criolo Doido (vinte anos de hip hop nas costas) é o Daniel Ganjaman do Instituto, como produtor, e isso é um grande indicativo de qualidade. Confesso que ainda não saquei qual é a do Criolo, se o cara é apenas zen mesmo ou se é um “Mano Brown paz e amor”. Como o que interessa é a música, recomendo muito o disco, que tem rap, afrobeat, samba, brega, trip hop e dub, e consegue manter uma unidade fantástica, com arranjos muito bons mesmo (méritos do Mr. Ganja). Agora nos resta esperar pelos próximos discos.

2. Kassin – Sonhando Devagar


Em resumo, esse é um disco totalmente crazy, que te desafia como ouvinte a cada faixa, mas ao mesmo tempo é descaradamente pop (no melhor sentido da palavra), e isso é muito raro. Some-se a tudo isso o fato de o Kassin – o produtor brasileiro mais badalado do momento – nunca se levar totalmente a sério, o que é uma das melhores qualidades que um artista pode ter. Não tivesse sido lançado o primeiro lugar, não teria para mais ninguém.

1. Metá Metá – Metá Metá


Esse disco é tão fantástico, que merece um post a parte.

Enquanto não falo sobre o melhor disco de 2011, uma breve lista dos discos que devem fazer algum barulho em 2012:

1. B Negão e os Seletores de Frequência – será que sai mesmo esse segundo disco? O primeiro é de 2003, salvo engano;

2. Black Alien – outro ex Planet Hemp que está devendo um segundo disco faz tempo;

3. Marcelo D2 – e já que estamos na seara dos ex Planets! Podem torcer o nariz, além de muito gente fina, acho o cara super talentoso, e sua contribuição para a música brasileira é inestimável. Ao que tudo indica vai lançar um disco gravado em diversas partes do mundo (com um clipe para cada faixa). Resta aguardar;

4. Rodrigo Amarante – deve sair no primeiro semestre a estréia solo do ex Los Hermanos. A expectativa é muito alta, pois talento o cara tem de sobra (prefiro suas composições, e sua voz, no Los Hermanos às do Camelo);

5. Otto – o lançamento de The Moon 1111 foi alardeado para 11/11/11, o que não ocorreu. Sabe-se que foi gravado parte em São Paulo e parte em Peixinhos (bairro de origem da Nação Zumbi), e que foi aprovado no edital da Natura Musical, o que lhe garante um lançamento decente. Otto está sempre muito bem acompanhado, e não deve desapontar;

6. Rodrigo Campos – Bahia Fantástica deve ser lançado no início do ano e já ganhou destaque no Caderno 2 do Estadão. Vejam o vídeo abaixo e tirem suas próprias conclusões.



7. Siba Veloso – o ex Mestre Ambrósio volta a pegar na guitarra, com produção do Fernando Catatau. Avante deve ser lançado também em janeiro. Outro vídeo que vale a pena:

SIBA - Ariana from DobleChapa on Vimeo.


8. Nação Zumbi – a produção dessa vez é do Kassin, e da Nação Zumbi não se pode duvidar;

9. Fiquem atentos a tudo que o Kiko Dinucci lançar ou estiver envolvido, é garantia de qualidade máxima;

10. Lurdez da Luz – também está na hora dela lançar seu segundo disco. Boto muita fé no potencial dela.

Um disco que teve tudo para figurar na lista dos melhores foi o do Bixiga 70, mas ao ouvir o disco ficou a sensação de faltar algo mais.


A banda tem sido bem comentada e seus shows bem disputados. A essência do som dos caras é misturar afrobeat e outras africanidades com funk e balanços afins. O disco é legal e tal, mas achei que ficou meio caricato – na dúvida fiquem com Budos Band e El Michaels Affair -, mas acredito que tenham potencial para achar um caminho mais autêntico, mas para isso será necessária uma imersão no universo da música brasileira.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ronca Ronca



Ah!

E já está rolando, agora, live, a 300a. edição do Ronca Ronca, na OI FM.

300 min. da mais completa desorientação sonora com Mr. Maurício Valladares, o Mauval.

Ouve aí: em São Paulo 94,1FM ou na internet, no site da rádio.

Vai até 1h da manhã!!!

E por falar no Heima ...

De forma bem resumida, em 2007 o Sigur Ros resolveu fazer uma turnê por diversos lugares de sua terra natal, a Islândia. O resultado você assiste no filme Heima, uma maravilha que mescla imagens alucinantes da Islândia, entrevistas bacanas e performances magníficas em formatos e localidades bem diversas.

Tem inteiro no Iutubiu, mas garanto que no DVD, com uma boa tela é muito melhor!!!

Melhor DVD musical de 2011

Só para dar um gostinho do que vem por aí...

Não rolou fazer um top dos DVDs de música (não vi tantos assim). Dizem que o filme do Scorcese sobre o George Harrison é imperdível, e eu acredito nisso.

Vi uns filmes sobre música bem bacanas, como os documentários do Lemmy e do Foo Fighters.

Agora, DVD de show, dúvido que tenha sido lançado um tão belo quanto esse do Sigur Ros.

É totalmente o oposto da obra prima,Heima - primeiro DVD -, Heima, só tem imagens da banda e em preto e branco, mas é lindo de morrer!!!

The Black Stooges

O apelido da mídia especializada é um tanto quanto exagerado, mas vale uma conferida para esquentar as turbinas:


De vorta!!!




Fiquei no estaleiro na última semana, mas até sexta teremos atividade aqui no blog.

Aguardem as listas de melhores do ano!!!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uns vivem, outros apenas existem, pt. 2

E já que peguei o gancho do título do post passado da célebre frase de Oscar Wilde, segue um texto excelente publicado no blog do André Forastieri:

'30 DE NOVEMBRO DE 1900

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas existe, e nada mais."

Paris, 1900: cinco garrafas de conhaque por semana constituem sua principal alimentação a esta altura. Fora elegante, aplaudido, glorioso. Caiu em desgraça.

Está um trapo, arrebentado pela rejeição, a pobreza, os anos na cadeia. Fraco, magro, com uma infecção permanente no ouvido. O tratamento é arsênico e estricnina.

Foi abandonado por quase todos. Sobra um companheiro, Maurice, e um antigo amante, ainda amigo dedicado, Robert Ross.

"Estou morrendo acima das minhas possibilidades", diz a ele. "Não tenho dinheiro nem para morrer."

É seu último companheiro de bar. Tomam absinto. "Que razão tenho para continuar vivendo?" Dia seguinte o ouvido supura. A meningite se instala.

Logo morfina para de funcionar para aliviar as dores de cabeça horríveis. Troca por ópio. E champanhe.

Dia 27 de novembro começam os delírios. Dia 29 está cadavérico e ofegante. A mente afiada como uma adaga dissolve. Eterno pagão recebe a extrema-unção.

Na madrugada de 30 de novembro, a boca começa a espumar. Ele vomita sangue. O coração para pouco antes das duas da tarde. O gênio implode - fluidos jorram de seu corpo por todos os orifícios.

O enterro barato é dia 3 de dezembro. Catorze pessoas, incluindo o grande amor de sua vida.

Na estante ao lado da mesa em que escrevo neste minuto tem um livro dele.

São 260 páginas de frases lapidares, retiradas de suas peças, ensaios, contos, cartas, ou simplesmente disparadas à queima-roupa em algum sarau elegante.

É um pedacinho precioso de sua obra completa, monumento que uma amiga querida se deu de presente neste Natal, e não consigo imaginar presente melhor.

As frases do livro estão divididas em 49 temas - Arte, Religião, Fumar, América, Inglaterra, Casamento, Amor, Jornalismo, Política, Beleza, Juventude e Velhice, Riqueza e Pobreza, e mais.

Não há um capítulo chamado Morte. Morte, confortável, indigna ou prematura, não é tema que interesse a quem disse "uso minha arte para viver, e só o meu talento para trabalhar".

O que importa é viver, e não só existir. "Acreditar é insosso. Duvidar é imensamente sedutor. Estar alerta é estar vivo. Sentir-se seguro é morrer."

Oscar Wilde morreu com 46 anos. Oscar Wilde vive.'

Alguns vivem, outros apenas existem

Belo texto do Flávio Gomes (ESPN) sobre o já saudoso irmão do Raí:

"PORRA, DOUTOR

SÃO PAULO – Aí quando eu estava lá embaixo no meio daquele milhão de pessoas pedindo para votar para presidente, o cara sobe lá no palanque, em cima do viaduto, ergue o punho direito, ou o esquerdo, e grita que queria a mesma coisa. Do meu lado, gente de todas as cores e credos ludopédicos erguem seus punhos, também, e aplaudem o cara, que resolveu não jogar na Europa porque queria estar aqui para ver de perto o fim daqueles anos em preto e branco.

Não deu nada certo, não votamos para porra nenhuma, e dias depois, ou semanas, não me peçam para lembrar os quandos e ondes, mas acho que era no Morumbi, e o cara enfia a bica da intermediária, nosso goleiro sem pescoço pula e não pega nada, ele ergue o punho de novo e eu xingo o cara com todas as minhas forças, doutor do caralho, filho da puta, vai tomar no cu.

Antes, Copa do Mundo na Espanha, Brasil versus União Soviética. Estamos lá na zona leste, num puxadinho junto com um monte de gente que eu também não conhecia direito, uma TV com bombril na antena, umas brahmas, gol dele, o empate, se bem me lembro. Abraços e beijos, doutor do caralho, filho da puta, joga demais, vamos, porra.

Depois daquela Copa acho que não torci mais para seleção nenhuma, depois daquela ninguém mais nos representou, talvez em 1986, era um restinho daquela, o cara estava lá de novo, com faixa na cabeça, quatro anos mais velho, mais cabeludo e mais desgostoso, perdeu um pênalti, nem xinguei de doutor do caralho. Já tinha feito muito, tudo bem, entre uma e outra ele tinha ido e voltado da Itália, aí foi jogar no Rio, queria ficar junto do povo, do povo inteiro, jeitão de fim de carreira, mas era médico, ia parar e vestir o jaleco para cuidar do povo, e ele dizia povo com autoridade, sabia bem quem era o povo, e cada um para o seu canto. Eu, que o conhecia da TV, do estádio e do Anhangabaú, para cuidar da minha vidinha besta; ele, para cuidar do povo — no falar, escrever, pensar.

Avança a fita.

Ano passado, um velho e empoeirado e querido pub em Pinheiros, faz frio, as portas já fechadas, o dono não quer nem saber, quem quiser fumar, fume, fumem e bebam antes que o mundo acabe, o amigo tocando violão, a gente ali, tentando entender o que estava acontecendo com nossas vidas, aí ele entra alto, forte, senta, pede um vinho, sorri, canta, sorri, bebe, sorri, fuma, e a gente tira foto com ele, e o mundo é um lugar até aceitável quando a gente vê que tem gente como ele, que jogava bola, que só vencia a timidez diante da multidão falando e tocando de calcanhar, e que sorria, e bebia e fumava.

Sócrates morreu de tanto viver, que é uma boa forma de morrer."

Quanto vale o show?

Quanto você pagaria por um disco?

Isso se você ainda compra discos!

Como eu compro, posso tentar responder a essa pergunta.

Discos hoje podem custar muito dinheiro, principalmente se forem raros e em vinil.

Coisas do tipo o primeiro disco do Roberto Carlos custar entre dois e cinco mil reais! E dizem que é bem fraquinho, e por isso é raro, pois o Rei, por não gostar do resultado, rapidinho proibiu sua circulação. Há até uma lenda urbana, de que pessoas a mando do Robertão sempre compram o disco quando o encontram disponível.

Os volumes racionais do Tim Maia também são um exemplo batido.

Certa vez, em 2009, estava com minha mulher em Londres e passei na Honest Johns, a loja/selo do Damon Albarn (Blur, Gorillaz e bota etc nisso). Dando uma conferida nos vinis encontrei o Paebiru, do Zé Ramalho e do Lula Côrtes. Custava 20 libras. Tive uma epifania e, cego pela ecxitação, segurei uns dois ou três exemplares na mão e disse para minha mulher que a viagem estava paga. A lógica era simples, comprar por 20 libras e vender aqui por 2.000 reais (esse era o preço do álbum no mercado de colecionadores na época, hoje não tenho idéia). É claro que, passados 20 segundos, voltei à razão e resolvi checar o motivo de o preço estar tão baixo. O resultado? Tratava-se de uma reedição gringa, um daqueles piratas quase oficiais, fabricados com base no vinil original e lançados geralmente na Europa, e pelos quais os artistas geralmente nada recebem, a não ser em termos de divulgação gratuita. Ainda bem que não abordei o vendedor, percebi tudo apenas pela contra capa do álbum, que, aliás, acabei nem levando para minha coleção (entendo o valor do disco, mas todas as vezes que tentei ouvir parei na metade da primeira faixa).

Micos a parte, tenho dois discos em vinil nos quais investi (sim, para mim esse é termo correto) uma boa grana.

O primeiro deles foi o Quem é Quem, do João Donato, pelo qual paguei na época 160 reais. Uma boa grana, certo? Mas é um disco relativamente raro, em edição da época, além de ser, claro, uma obra prima!


O outro foi o Metal Box, do Pil, ou Publlic Image Ltd.



Por esse foram 200 pilas (reais).

Também achou muito, certo?

Eu também. Mais ou menos, na verdade.

Em primeiro lugar, o vinil é importado (qualidade absurdamente superior) e original da época de seu lançamento, ou seja, 1979, quando eu tinha apenas 3 anos de idade. Além disso é triplo e sua edição foi limitada na Inglaterra e EUA já no ano de lançamento. Isso mesmo, é aquele vinil triplo lançado numa lata e que quase levou a banda à falência, cuja tiragem limitada inicial está esgotada desde então.

Ainda acha caro? Pesquisando em sites americanos encontrei por 200 dólares (lembre-se de quanto paguei).

Se você ainda está insatisfeito, esse disco é um dos mais importantes e influentes da história da música, e é triplo pois a banda achou que apenas prensando o disco em 45 rotações o som dos graves poderiam ser ouvidos como a banda queria.



Outra lenda que cerca o disco: certa vez o apartamento do Lester Bangs (o maior crítico de música daa história dos EUA e um dos melhores escritores da segunda metade do século passado) pegou fogo. Ele saiu só de cueca para rapidamente voltar ao imóvel em chamas. Adivinha qual o único objeto que fez questão de salvar, incluindo alguma muda de roupa? Isso mesmo! E você pode imaginar o que havia na coleção de discos dele, certo?

Posso dizer com todas as letras que mesmo a lata estando um pouco oxidada, e os discos terem alguns pequenos arranhões que às vezes fazem a agulha emperrar um pouco, cada audição deste álbum é um momento de prazer extremo!!!

Bom, depois de tudo isso, acho que o disco do João Donato foi muito mais caro que o do PIL.

Ainda poderia escrever aqui sobre reedições em vinil e as super reedições que recheam o mercado, mas deixo o assunto para breve.

Ouçam música, comprem discos.

Abs.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um belo depoimento sobre o rádio

“O rádio tem sido muito importante para mim em vários períodos da minha vida. Ouvindo ‘Don´t go breaking my heart’, com Elton John e Kiki Dee, ou solo com ‘Tiny Dancer’, no carro de minha mãe e imaginando quantos belos sons foram feitos. Ouvindo os Ramones, The Clash, X, Devo, B-52´s e Talking Heads na KROQ quando tinha 9. Ouvindo The Gems, The Cramps, The Weirdos, The Circle Jerks e Black Flag no (programa) Rodney on the Roq, de Rodney Bingenheimers, com 9, 10, 11 e 12. Deitado no escuro à noite com meu rádio/gravador de K7, ouvindo o mais baixo possível, pois eu deveria estar dormindo, gravando todas as minhas músicas favoritas do programa de Rodney, às vezes gravando o programa todo. Gravando ‘I feel love’ de Donna Summers, com 13 anos, e percebendo a maravilha do som estereofônico, o primeiro hit completamente eletrônico, imaginando como uma música daquelas teria sido feita. Com 26, sem um canto próprio, sentado sozinho no carro estacionário de minha amiga Toni, fumando a maconha e o tabaco que era proibido de fumar em sua casa, imaginando se era o fim ou o início de minha vida, ouvindo REM e Radiohead e sentindo que o rádio era minha única companhia (junto com minhas fitas k7 do Bob Marley e dos Butthole Surfers). O fato de muitas de nossas músicas terem alcançado as pessoas pelo rádio é algo do qual me orgulho muito.” (John Frusciante, tirado do encarte do best of dos Red Hot Chilli Peppers, tradução minha)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bom final de semana!!!

E por falar em Fellini (a banda)...













Vida longa ao Iutubui!!!

Você não imagina o que você não conheceu

Essa banda tem sido minha trilha sonora nas últimas semanas

Mais uma do Lisandro Aristimuño

Tordesilhas

Vergonha!!!

Isso mesmo, esse é o sentimento decorrente do total descaso que nós brasileiros temos pela música cantada em espanhol/castellano.

Seja para com nossos hermanos da América Latina ou com os muchachos de España.

E, pior ainda se pensarmos na terrinha mãe, Portugal, vez que falamos o mesmo idioma, e não temos pudores em mandar para lá Ivetes e Cláudias da vida.

Por isso, para celebrar o final de semana que chega, separei alguns vídeos de novos artistas dessas localidades:

Da Argentina:





Do Uruguai:



Da Espanha:



De portugal:



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Backstage freestyle

Chilli Peppers, com Frusciante, e Dizzee Rascal mandando bem no camarim.

E por falar no Otto ..., que figura!!!

Otto e seu The Moon 1111

Aos poucos vão aparecendo informações do disco novo do Otto.

Esse vídeo é muito pouco para saber, mas parece que o álbum não será artisticamente tão livre quanto propagado, mas ainda sim promete:

The Moon 1111 from Camila Valença on Vimeo.

Para encerrar, por enquanto, o assunto Nação Zumbi











E ano que vem tem disco novo, e DVD novo também!!!

Futura, uma outra resenha

Essa é do blog Impop:

"Nação Zumbi: da afrociberdelia ao afrofuturismo
Domingo, 19 Março, 2006

Futura aborda uma sonoridade psicodélica e futurista, unindo códigos ancestrais aos digitais. É o afrofuturismo da Nação Zumbi.

Quando o guitarrista Lúcio Maia avisou: “John Coltrane é afrofuturista”, durante um show no Sesc Interlagos, em 2004, revelou que a Nação Zumbi já ensaiava Futura.

O terceiro lançamento da Nação Zumbi – sétimo contando com os da era Chico Science – promove uma evolução conceitual da afrociberdelia ao afrofuturismo. Revela que, para a banda, futuro não pressupõe avanço; nem passado, retrocesso. São engajados com um propósito: criar futuros presentes. A Nação Zumbi não só moderniza o passado, introduz vertentes futuras.

Futura é um manifesto estético-musical. Faz o maracatu que pesa uma tonelada desafiar a gravidade. É espacial, levita e se desdobra em fragmentos de ritmos e harmonias. Múltiplos em ação simultânea: polirritimias africanas, texturas sônicas, analógicas e digitais, sobrepostas. A tradução do híbrido se encontra em “Voyager”. Não é convencionalmente dub, nem rock, hip hop, funk e maracatu. Original e impura.

As letras e temas do CD atestam o diálogo desafiador com as peripécias do tempo. “Hoje, amanhã e depois” aborda a previsibilidade do cotidiano com um riff de guitarra hipnótico. O dia-a-dia continua na mira em “A ilha” e “Sem preço”, destacando a mudança de percepção como força revolucionária. Por um futuro de opiniões libertárias, a Nação Zumbi ataca a manipulação das massas em “Pode Acreditar”, com uma espécie rara de baião. Mas o maracatu continua de tiro certeiro. O tempo certo está nos ritmos quebrados de “Na hora de ir”. O incerto, atemporal, surge com a transformação de Lampião em Zumbi e vice-versa, em “Memorando”. Já a inércia terapêutica, através de uma “semente que vira remédio”, aparece em “Vá buscar”. São as duas músicas que passam pelas trilhas produzidas nos discos “Rádio S.A.M.B.A” (2000) e “Nação Zumbi” (2002).

Para garantir o que está fora de controle, uma figa estampa a capa do disco. Não sem propósito, é culturalmente intuitivo. Já os tons em preto e branco são provocantes. “A idéia é a de uma psicodelia em preto e branco”, afirma Jorge du Peixe, vocalista, letrista e percussionista da NZ. Ao paradoxo estético soma-se o musical: os sons de Futura foram processados por uma parafernália vintage, sendo que com nuances inéditas. “Usamos sintetizadores moog, vocoder, reverb de mola, mas sem pensar em fazer algo retrô”, explica Jorge.

Aí se destaca a arte do produtor Scott Hard, que se empenhou para trabalhar de novo com a NZ. No disco anterior, “Nação Zumbi”, só participou da mixagem. Tendo na bagagem trabalhos com o De La Soul, Medeski, Martin & Wood entre outros, teve uma interação complementar. “Scott foi o co-produtor do disco”, reconhece Jorge.

A produção acompanhou as necessidades orgânicas da banda e foi corajosa. Valorizou as suas tantas possibilidades rítmicas sem colocar tambores, baixo e guitarra a serviço do peso, uma marca da Nação Zumbi.

As paisagens harmônicas ganharam destaque, ilustrando as imagens sugeridas pelas letras. Algo cinemático e cerebral. Um lugar único no universo da música global, vizinho dos projetos da gravadora Ninja Tune e daqueles que promovem a Inteligent Dance Music (IDM), como o Four Tet. Uma pista está na intervenção guitarrística de Lúcio em “Respirando”. Mimadas de processamentos sonoros, de incontidos efeitos e distorções, em geral, as guitarras esnobaram os tradicionais overdrive e wah wah.

Como parte integrante de um novo e instigante momento musical brasileiro, o grande gueto aberto de Zumbi, como diz Jorge du Peixe, deu abrigo à multiplicação de idéias, sotaques e novos sons produzidos por aqui. O multiinstrumentista Maurício Takara (Hurtmold) soprou atonalidades jazzísticas pelo seu trumpete em “Sem Preço”. “Na hora de ir” e “Pode acreditar” sentiram as desconstruções da guitarra de Catatau, do Cidadão Instigado. Alexandre Basa (Instituto), em “Respirando”, mostrou como a flauta transversal vive sem o Clube da Esquina e a Bossa Nova. Já Kassin (Artificial) dialogou com o baterista Pupilo através de sons percussivos produzidos em Game Boy na caótica “Expresso da elétrica avenida”.

A Nação Zumbi é uma casa grande de não-lugares urbanos, indefectíveis, embora não indentificáveis. Recife, a manguetown, já não é uma matriz soberana. “O que a gente tem de absorver de Recife já está dentro de todo mundo”, assume Jorge. Com sua voz gutural, cada vez mais bem postada, buscou diferenciais nas evoluções melódicas, dando suas alfinetadas poéticas com métricas que foram para além do hip hop. “A música oferece: tá a fim de cantar ou de falar? Como ficaram com mais harmonia e pouca rima, as possibilidades de cantar foram maiores”, explica."

E por falar no FUTURA ...

Gosto tanto desse disco, ele foi (é) tão importante para mim que está literalmente estampado na minha pele.

Mas como não consigo, nem de perto, expressar com palavras o que penso e sinto sobre o disco, colo aqui o release escrito pelo Alex Antunes:

"A Nação Zumbi é uma banda intrigante: sempre muito fácil de se ouvir e de se gostar – e cada vez mais difícil de definir. Futura, seu sexto álbum, espécie de síntese brilhante desses treze anos de carreira, e marco de sua consagração como banda internacional, é também um disco avesso a classificações fáceis.

A presença do novaiorquino Scotty Hard como produtor dá a dica de um approach possível: Hard foi o engenheiro responsável por clássicos do hip hop como De La Soul Is Dead e Wu-Tang Forever. Ele já tinha roubado a cena mixando o álbum anterior da Nação.

Mas, por mais que Futura se aproveite da destreza tímbrica do gringo, de seus filtros ácidos e beats em planos bem-delineados, este não é um disco de hip hop – e nem sequer de electrorock. Na verdade, os usuais scratches foram substituídos por breves efeitos em equipamentos vintage (moog, rhodes, vocoder, casio, synkey; nos quais a banda e o produtor se revezam).

A Nação Zumbi se equilibra cada vez melhor entre o seu poderio rítmico inquestionável (sempre a cargo de Toca Ogan, Gilmar Bolla 8, Pupillo, Marcos Matias e Da Lua), e climas e melodismos cada vez mais ricos e imagéticos. A (est)ética grupal da Nação Zumbi na verdade parece conectar duas épocas de exuberância e generosidade social e cultural.

Cunhando o sensacional termo “psicodelia em preto-e-branco”, eles bebem cada vez mais na fonte groovy do início dos anos 70 (o dub, o soul-funk, o afrobeat, o nacionalíssimo samba-rock-soul, e até num quê das trilhas de Ennio Morricone ou de John Barry presente em algumas guitarras melífluas de Lúcio Maia) para projetar um futuro de tecnocoletivismos, de guerrilhas psicossônicas...

A Nação Zumbi é dona de um show poderosíssimo, testado e reverenciado nos palcos de festivais de todo o Brasil, da Europa e EUA (e que foi devidamente registrado num ótimo DVD). Ao vivo, o repertório mesclado de todas as fases se impõe pela força quase ritual da apresentação, e pelo impacto propriamente físico do som.

Futura, o novo álbum da Nação Zumbi, deve render várias músicas para o repertório standard do grupo. “A Ilha”, “Voyager” e a mística “Vai Buscar”, por exemplo, tem um poder de fogo funk-rock setentista, apoiado nos baixos turbinados de Dengue, com aquela pegada que faz da Nação o que ela é.

Mas Futura é variedade. “Na Hora de Ir”, inspirada pelo frevo e por Roberto Carlos, torna-se um drum’n’bass orgânico e cinematográfico, com o reforço da guitarra alternadamente jazzy e sci-fi de Catatau (Cidadão Instigado). Esse velho colaborador da Nação que comparece ainda no baião-blues psicodélico de “Pode Acreditar” e em “Memorando”, onde a malemolência do afrobeat e da ciranda é mais notável.
Os ritmos pernambucanos flertam ainda com o space-rock e o western-spaghetti em “Respirando”, e com o metal progressivo em “Sem Preço”, um acid-frevo cuja mistura inusitada de sopros (a cargo de Maurício Takara, do Hurtmold), guitarras e synth aproximam curio-samente a Nação Zumbi do Mars Volta.

O tal Morricone ainda contamina, entre outras, o dub-rock que dá título ao álbum, e “Hoje, Amanhã e Depois”, onde as congas alimentam uma certa pasión latina rebatida pelo vocoder (aquela voz de robô típica da disco). Já na lenta, climática e instrumental “Nebulosa”, o berimbau duela com a guitarra viajante. Finalmente, Kassin providencia beats de gameboy para o technosurf (!) “O Expresso da Elétrica Avenida”.

Futura pode ser considerado a conclusão da segunda trilogia do grupo, a “trilogia da afir-mação”. Se a primeira trinca (Da Lama ao Caos, 94; Afrociberdelia, 96; CSNZ, 97) cobre a fase bombástica e inicial da Nação, ainda com Chico Science, este segundo tripé iniciado com Rádio S.AMB.A. (2000) e continuado com Nação Zumbi (2002) chega agora ao seu ápice. A Nação Zumbi não tem mais nada a provar. Futura – CQD.

Em outra analogia brincalhona, a banda se define como um filme feito em parceria pelo cineasta-mascate Simeão Martiniano e por Jim Jarmusch. A diversidade de Futura é síntese não só da Nação Zumbi como banda em si, mas do seu constante caleidoscópio de iniciativas e projetos paralelos, em anos de know how adquirido em diferentes frentes.

Aí cabem desde a ótima trilha para o longa Amarelo Manga, a bem-sucedida carreira de produtor do baterista Pupillo, bandas paralelas como Los Sebozos Postiços e a Orquestra Manguefônica, até a experiência de Lúcio Maia como guitarrista da banda nu-metal de Max Cavalera.

Frequentemente disfarçados sob pseudônimos provocativos (Pixel 3000, Jackson Bandeira, Amaro Satélito, Djeiki Sandino, Nino Broccolli, Fortrex), os guerrilheiros da Tropa de Todos os Baques reafirmam seu recado. “Manifestando e contaminando pelos fones nunca surdos/ microfones nunca mudos/ através das entidades sampleadas que dançam o absurdo/ nos canteiros da galáxia nervosa/ falando com o ouvido do mundo/ plugue-se/ ligue-se e vá longe”.

Alex Antunes"

FUTURA

Conforme prometido, um pouco sobre esse disco maravilhoso.

Nem sei ao certo a razão desse disco ter batido tão bem na minha orelha.

Alguns motivos para tentar entender isso:

1. a Nação Zumbi (melhor banda do Brasil desde Os Mutantes) estava tinindo;

2. com uma produção de primeira, dividida entre a banda e o americano Scotty Hard (Wu Tang Klan e Medeski Martin and Woods, dentre outros), o álbum soa bem diferente dos anteriores;

3. os tambores estão lá, mas são apenas um detalhe em segundo plano, o que, nesse caso, foi uma idéia acertadíssima;

4. o disco não é de dub, mas este permeia toda a produção, climática, pesadona;

5. Lúcio Maia achou uma pegada meio surf music, meio trilha do Morricone;

6. no campo pessoal, o ano era 2005 e meu primeiro filho tinha acabado de nascer;

7. fui a 4 shows dessa turnê em São Paulo, todos animalescos, ainda que bem diferentes entre si.

Esse é um disco para ser ouvido diversas vezes, de preferência com um ótimo fone de ouvido, e já aviso, ele pode não descer redondo de primeira (como muitos dos grandes álbuns já gravados), mas a hora em que bate, não te larga mais.

Aliás, tenho um sonho muito doido, se pudesse, bancava uma edição em vinil, em 45 polegadas, para os graves descerem mais redondos.

Pupillo, Dengue e cia merecem, e muito!!!

Segue uma pequena amostra:







Que Lenda!!!

Depois de ontem, nada mais apropriado que o queridinho do Galvão comendo poeira na ultrapassagem mais bonita de todos os tempos!!!



Aliás, nada mais politicamente correto que o Senna! Um dos maiores expoentes da Lucianohuckização do Brasil!!!

Que falta que tu faz Piquet!!!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bom final de semana!!!

Duas versões

Duas versões acachapantes dessa música da Lurdez da Luz - uma das melhores coisas do rap nacional em todos os tempos.

A menina é muito talentosa e acho que ainda vai dar muito o que falar.

A música é a mesma, e além de ser muito boa, a diferença nos arranjos justifica totalmente assistir aos vídeos na sequência.

Vai na fé que não enjoa não.





Ps. ontem ela tocou essa música no Grêmio Recreativo MTV, com outra banda e arranjo um pouco diferente. Assim que aparecer na rede subo aqui.

Discoteca básica



Ontem ouvi de novo (duas vezes) esse álbum da Nação Zumbi.

Fazia muito tempo que não o ouvia, mas sua audição ainda martela demais minha cabeça.

Esse é um dos discos mais importantes da minha vida e em breve escreverei mais sobre ele.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Emicida no programa do Ratinho.17/11/2011

Um raro, raríssimo, exemplo de como a TV aberta pode ser inteligente, divertida e popular ao mesmo tempo.

Nunca pensei que diria isso: parabéns Ratinho!!!

Emicida é o cara!!!




Ps. peguei no blog do Ronca Ronca, o Tico Tico

Bom final de semana

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mais SWU

Minhas impressões sobre o último dia do festival:

1. Sonic Youth - selvagem e histórico! Integridade artística até o final!

2. Primus - simples e legal, como nos velhos tempos.

3. Megadeth - já falei algumas vezes minha teoria sobre heavy metal, não preciso ficar repetindo. Duas músicas muito legais, Hangar 18 e Holy Wars, e nada mais.

4. Stone Temple Pilots - muito parecido com o show de dezembro do ano passado. Competente e fácil de agradar à galera.

5. Alice In Chais - das bandas de Seatle, tirando a justa empolgação inicial com Smells Like Teen Spirit e o Nevermind, o Alice In Chais foi a que mais fez minha cabeça na época. Só que com esse vocalista novo, que fica longe de comprometer, parce cover de si mesmo. Melhor ouvir os cds velhos de guerra.

6. Faith no More - ainda não rolou, mas deve ser, em termos gerais, o melhor show do festival, pois a matemática é simples: muitos hits e banda super competente.

Tá certo, gosto das coisas dos anos 90, cresci musicalmente nessa época e muitos dos sons têm um apelo emocional grande, mas ficou uma sensação de várias auto paródias, covers de si mesmos.

O line up do ano passado estava infinitamente superior.

Vejamos o ano que vem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SWU hoje

Algumas impressões:

1. Chris Cornell - a voz estava muito boa. Fiquei impressionado com a atenção da platéia, considerando uma apresentação só de voz e violão;

2. Duran Duran - gosto muito. Repertório infalível, um bom disco novo e a banda bem azeitada, apesar da idade. Ficou apenas uma sensação de que num lugar menor e para um publico mais cativo seria bem melhor;

3. Peter Gabriel - voz maravilhosa. Show sensacional, muito bonito. Mais uma vez me surpreendeu a atenção da platéia. Shows como esse são ótimos para educar o publico brasileiro de festivais;

4. Lynard Skynnard (acho que é assim que se escreve)- um dinossauro do rock, e como tal pesado, arrastado e extinto. Em resumo, muito, mas muito chato! Pra quem ainda compra o sonho da vida na estrada no Sul dos Estados Unidos. Impossível esperar pelas duas ultimas músicas. Pra finalizar, paciência zero para Classic rock. E que falta fez uma apresentação do Neil Young. Se bem que um ZZ Top tambem não faria feio.

5. Resumo da noite - no dia da terceira idade os melhores shows foram aqueles cheios de silêncios!

Nos falamos amanha, dia dos anos 90.

Abs

domingo, 13 de novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

SWU Pt. 2

Meu Deu! Chama o Jay Z para mostrar pra esse tal de Kanye como se faz!!!

SWU

Diretamente do festival SWU (na frente da TV, claro!).

O tal do Kanye West está no palco. Dizem que ele é um gênio!

Ainda não consegui captar a genialidade do cara.

Acho que ele tem umas três ou quatro músicas bacanas e só. É estrela pra cacete, mala mesmo.

Do pouco que já rolou do show, tudo me pareceu pretensioso demais e muito, mas muito chato mesmo!

Na boa, o doidão Snoop Doogy fez show antes, com banda, cenário completo e umas dançarinas muito diferentes das bailarinas do Kanye, e arrebentou.



Logo mais tem o Black Eyed Peas, que nem vou comentar, pois devem quebrar tudo mesmo com a competência de sempre.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sauna de cocô

Título bizarro não?

Vejam o vídeo e vão entender.

É um mashup de uma música da banda Sleep, de título Holy Moiuntain, com o trecho do filme Holy Mountain”, do diretor Alejandro Jodorowsky.

Vi hoje no blog do André Barcinski, e a piração é gigantesca!!!



Ps. Está um pouco difícil conciliar blog com trabalho e um bando de filhos, mas continuamos por aqui, não desistam não!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Peel


E ontem se foram exatos 7 anos da morte de John Peel.



Para quem não conheçe, talvez o radialista mais importante da história.

Para celebrar a vida de Peel, o Maurício Valladares fez um Ronca Ronca inteirinho com músicas tiradas das famosas Peel Sessions.

Vale a pena conferir, já que o programa estará em breve disponível em streaming no site da OiFM.

Cheers.


Com a palavra: André Barcinski

System Of A Dilma (por FAROFF e Xandelay) @djfaroff @xandelay

Mais um via Trabalho Sujo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

E por falar em Felipe Hirsch ...

... outro texto muito inspirado:

"Esses meninos e meninas que crescem em cidades como Nova York são tão mal acustumados. Eles passam assim suas adolescências, com o Radiohead nas suas esquinas. O R.E.M era um sonho distante. Isso nos fazia tão decididos a conhecê-los mais e mais. Vivemos boa parte das nossas vidas para eles. Seguindo os passos, de longe, no tempo e no espaço, como astrônomos que estudam imagens de uma cratera na lua. Nas cidades pequenas, nossos amores são platônicos. E são muitos, muitos. R.E.M é só um bom exemplo. Um exemplo que uso agora porque, semana passada com o fim da banda, eu e todos meus amigos perdemos algo ou, quem sabe, só nos lembramos do que, normalmente e dolorosamente, com o tempo se perde. Não é que eu não simpatize com esses jovens ao meu redor, hoje, nesse show do Radiohead, no Roseland Ballroom. Gosto de observá-los, voyerísticamente, detalhadamente. E mesmo os vendo assim, com suas cabeças iluminadas, enterradas em seus iphones, silenciosos entre si, teclando, percebo seus tédios. Sim, existe o tédio das pequenas cidades e o tédio das cidades grandes. Duas meninas mais espertas ao meu lado riem e dizem: “Câmeras! Vocês não vão se lembrar disso! Vivam o momento! Mimados por todas as suas possibilidades, viciados em seus apps, meninos e meninas de Nova York assistiram a mais um show do Radiohead. E foram até carinhosos, levantaram o rosto de suas telas por três ou quatro vezes para vislumbrar os artistas. Alguns “indies” mais velhos denunciavam que a banda já é um clássico de quase duas décadas.

King Of Limbs é o trabalho mais estranho, aparentemente sem foco, sem o passo à frente dos outros trabalhos. Percebendo mais, nos sensibilizando mais, enfim, pensando mais, é possível ver que o passo foi conscientemente dado no escuro, flutuando em algum lugar (no limbo?) em busca de formas. Instintivo, bastante emocional, mas pensado, realmente experimental. Como sempre, um som cristalino, perfeito e capaz, usado em sua amplitude. Weird Fishes/Arpeggi foi hipnotizante, Subterranean Homesick Alien (tocada pela primeira vez desde 2003) incrivelmente delicada. Cruzei o calor e o frio da luzes de leds e neons do Times Square, voltando para o hotel, refletindo a experiência. Será sempre uma noite inesquecível. Noite que devo ao meu amigo, o arquiteto Isay Weinfeld. Figurar numa lista de convidados do Radiohead foi um dos pontos altos da minha vida. Porque eu não nasci em Nova York. Eu nasci em Ipanema, cresci em Curitiba, e posso explicar cada imagem de Wave que tocava no restaurante ao lado, antes do show.

No fim, o Radiohead, todos da banda, agradeciam, batedo palmas para o público. O R.E.M. acabou, com trinta e um anos de história, agradecendo ao seus fãs por deixá-los fazerem parte de suas vidas. Como diz meu amigo Caio Marques, o final mais classudo da história. New Adventures in Hi Fi, Automatic For The People, Murmur, tantos discos maravilhosos. Sempre fizeram parte das nossas vidas, é uma verdade histórica. Mas que histórias são essas? Sempre ouvíamos na Sutil, entre amigos, no squat. Em 1997 ouvíamos E Bow The Letter, em 1998 ouvíamos Up e viajamos juntos para ver o show com neons, como esses, e músicas inéditas de Reveal (um disco sobre um verão místico que conseguiu ampliar a fase inspirada e, injustamente, não respeitada).

E até agora, tocava a linda Überlin no início de Trilhas Sonoras de Amor Perdidas. Sempre ímpar, Bad Day é uma obra prima. Vê-lo, Michael Stipe, cantando Seven Chinese Brothers, ouvir Monster pela primeira vez, ver Losing My Religion pela primeira vez (você lembra? que impressionante!), saber que Patti Smith chorou, quando ainda não os conhecia, quando ouviu The One I Love. O silêncio da última estrofe de Man On The Moon com Michael Stipe caminhando de costas, num posto de gasolina ou bar, com um chapéu de cowboy. E amigos!, ouvir New Adventures in Hi Fi pela primeira vez. O single mais dark, aquela carta-canção escrita às quatro da manhã dentro de um ônibus. No vídeo da música, cheio de imagens de estradas, cores baixas, horas mágicas, lâmpadas fluorescentes, alumínio e céu, um rosto das sombras do esquecimento se insinuava: era o retorno de Patti Smith (hoje, todos com seus exemplares de Apenas Garotos nas mãos).

Thom Yorke cantou: this one goes to “the one I love”. Uma homenagem a banda que ele, garoto, também amou. Ele é de Oxford. Está certo Oxford não é Curitiba, mas é bastante tediosa também. Como disse Peter Buck na sua despedida da banda: “Eu sei que vou reencontrá-los no futuro, meus amigos, ou numa loja de discos da nossa cidade (elas não existirão) ou em pé, no fundo do bar, assistindo a um grupo de meninos de 19 anos tentando mudar o mundo (esses existirão?). Eu não conheço mais esses meninos e meninas. Nem os daqui de Nova York e nem mais, o tempo voa, os de Curitiba. Eu só sei que tudo em sua forma evolui, mas a essência da busca é similar, ou a mesma. Foi e sempre será como quando ouvi Spike do Elvis Costello pela primeira vez (assisti por aqui a Revolver Tour e contarei). Em 1989. O ano em que tudo mudou. Hoje, não existem mais obras assim? É claro que sim. E desconfio que elas estejam surgindo de dentro daquelas telas iluminadas de smartfones. De lá, também, devemos ouvir a comemoração entre amigos, o testemunhar do mundo que se cria, a sensação doce da formação em conjunto, coletiva, dividida, das grandes e pequenas descobertas. Uma banda como o Radiohead, que criou The Bends, Ok Computer, Kid A, In Rainbows, talvez não saiba mais guiar isso, como um dia o fez, inesquecívelmente. Agora eles correm por fora, por dentro deles, e talvez ainda surpreendam e nos façam levantar as cabeças ocupadas, com as mensagens de nossos blackberries, para reve-los."

Nostalgia?

Não sei ao certo se foi por conta do nascimento de mais um filho ou por influência de alguns episódios (15 anos da morte de Renato Russo e novo disco do Noel Gallagher), mas o fato é que nas últimas semanas tenho ouvido basicamente Legião Urbana e Oasis (e Blur também).

A primeira banda foi muito importante para mim na década de 80, e escreverei mais sobre ela em breve.

Já o Oasis foi minha banda favorita ao longo dos anos 90 (até prefiro o Blur, mas fui prestar atenção na banda um pouco mais tarde).

Aproveitando o gancho, vejam essa lista que saiu na Rolling Stone espanhola sobre os melhores discos do Britpop (Rolling Stone Brasil, cadê você? Chico Buarque na capa é compreensível, mas foda!):

"
1. Different class, de Pulp:
En un momento en que Blur y Oasis se habían convertido en demasiado grandes, la banda liderada por Jarvis Cocker (en activo desde finales de los setenta) se transformó en la verdadera favorita de mucha gente. Motivos: Common people se basta. Pero fue el grueso del álbum el que hizo de Different class el trabajo definitivo de la época. Jarvis Cocker era un londinense cualquiera que salía por el Soho (Bar Italia), adoraba a las chicas de Ladbroke Grove (I spy), no quería comprometerse (Disco 2000) y mostraba un apetito insaciable por la juerga (Sorted for E’s & Wizz) y el sexo (Underwear y Live bed show). Todo lo anterior, resumido en ese himno que fue y es Common People, explican por qué Pulp fueron una banda sin la que, seguramente, el Britpop habría sido algo muy distinto, o no habría sido en absoluto.

2. Parklife, de Blur:
A la tercera fue la vencida. Después de mostrarse demasiado dubitativos en sus dos primeros discos, hasta el punto de que nadie sabía si iban para estrellas o para anécdota, Damon Albarn emergió como el más firme plumilla musical a heredar el trono de cronista laureado del reino, entre serio e irónico, que en su día detentó Ray Davies. Auténtico buque insignia del Britpop, Parklife regalaba canciones a casi todas las esencias de la vida realmente inglesa: las jornadas festivas (Bank holiday), la mirada desapasionada y costumbrista a la vida cotidiana (End of the century), la escapada a la costa (Clover over dover)… En medio, cautivadores paisajes personales como Badhead y To the end, y un final majestuoso con This is a low, una de sus mejores canciones.

3. Definitely maybe, de Oasis:
A estas alturas todos saben quienes son Oasis, y si los ama o los odia. Por eso quizás el tiempo ha restado valor a lo que supuso la publicación de Definitely maybe. Bajo la batuta de las excelentes composiciones de Noel Gallagher, y con la personalidad y el carisma de su hermano pequeño Liam como forma visible de la propuesta, el debut de Oasis impulsó el regreso de las guitarras densas al pop inglés (que sus grupos de cabecera fueran Beatles y Stone Roses, no implica que los Sex Pistols no sonaran en el sucio local de Manchester donde ensayaban estos macarras). Oasis se convirtieron, de repente, en la referencia estética y espiritual; y canciones como Columbia, Slide away, Supersonic o Cigarettes & alcohol, en himnos vitales y generacionales.

3. Definitely maybe, de Oasis:
A estas alturas todos saben quienes son Oasis, y si los ama o los odia. Por eso quizás el tiempo ha restado valor a lo que supuso la publicación de Definitely maybe. Bajo la batuta de las excelentes composiciones de Noel Gallagher, y con la personalidad y el carisma de su hermano pequeño Liam como forma visible de la propuesta, el debut de Oasis impulsó el regreso de las guitarras densas al pop inglés (que sus grupos de cabecera fueran Beatles y Stone Roses, no implica que los Sex Pistols no sonaran en el sucio local de Manchester donde ensayaban estos macarras). Oasis se convirtieron, de repente, en la referencia estética y espiritual; y canciones como Columbia, Slide away, Supersonic o Cigarettes & alcohol, en himnos vitales y generacionales.
Dejamos una grabación en directo de Columbia, de Oasis:

4. Dog man star, de Suede:
El single previo Stay together ya anticipaba el camino. La creciente maestría e inquietud musical de Bernard Butler –y su alienamiento respecto al resto de la banda– más la no menos creciente actividad lisérgica de Brett Anderson provocaron que Suede se desmarcaran de su álbum de debut y de toda la música que se hacía entonces e iniciaran otro viaje por su cuenta. Aún les quedaba Bowie (New generation), pero la afectación y el melodrama eran nuevos. Dog man star era tan ambicioso artísticamente que, de no ser por la sutilidad con la que Butler envolvió las desgarradas maniobras poéticas de Anderson, canciones como The asphalt world, The wild ones o Still life habrían dado vergüenza ajena. En cambio, fue una obra maestra. Butler dejó Suede antes de que viera la luz.

5. I should coco, de Supergrass:
Espectacular se convierte en un adjetivo escaso para definir un debut de los que ya no se publican en estos tibios tiempos. Coger todas tus influencias (Bowie, Buzzcocks, Beatles) y mostrarlas sin pudor ni nostalgia para convertirlas en, ahí la clave, un sonido personalísimo, lo consiguieron estos tres descerebrados en el año 95. Pura energía sin control ni mesura, una enfermedad musical infecciosa y… letal.

6. Wake up!, de The Boo Radleys:
La banda liderada (en tareas compositivas) por Martin Carr había empezado mucho antes del Britpop y Giant steps (1993) ya era un disco sobresaliente, pero en Wake up! dieron con una tecla que, por otro lado, no volvieron a encontrar jamás: la del éxito comercial. La mitad de la culpa fue del single Wake up boo, pero el disco también tenía perlas como Reaching out from here, Martin, Doom! It’s seven o’clock o It’s lulu.

7. Fuzzy logic, de Super Furry Animals:
Galeses militantes –su tercer disco sería en ese idioma–, Gruff Rhys y compañía debutaron a principios de 1996 con un álbum de punk pop juguetón, surrealista, loco de remate, pluscuamperfecto. Entre el trallazo de God! show me magic y los coros de For now and ever cabían la inmediatez de Something 4 the weekend, una canción dedicada a un frisbee y otras gloriosas rarezas que hablaban de la singularidad de este grupo.

8. Elastica, de Elastica:
En el 95, no había garito de Nueva York o Londres en el que no se hablara de Elastica. Con un rollo new-wave y la vista puesta muy cerca de los discos de Wire, gracias a ellos el movimiento encontró a su icono (sexual) femenino: Justine Frischmann.

9. Suede, de Suede:
Un sonido seductor y oscuro, entre lo afectado y la poesía. Corría el año 1993 y con el binomio Butler-Anderson llegó el glamour al britpop. El tiempo no ha pasado por Animal nitrate, So young o Sleeping pills, excitantes canciones de huida... a ninguna parte.

10. 1977, de Ash:
¿Podrías pasar un año en una habitación con la saga de Star Wars, un póster de Jackie Chan en la pared, algunos pedales de distorsión enganchados a la guitarra, un diario en blanco, y los discos de los Housemartins sonando sólo en los días pares? Mientras piensas la respuesta, escucha el trabajo que publicaron estos niñatos norirlandeses en el año 1996, enlazando con destreza el sonido punk inglés con cierta querencia grunge y bastante cultura pop. Y sí, es cierto lo que cuentan: Wheeler, Hamilton y Murray hicieron que algunos se dejaran los flequillos crecer y crecer.

11. Casanova, de The Divine Comedy:
Que Scott Walker era un extraño en las existencias de los britpoperos, era un hecho. Y que con su cuarto y mejor disco, un Neil Hannon de 25 años llenó ese vacío, también. Romántico pero no dramático, orquestal pero no barroco, Casanova está repleto de magia, de charming, y de canciones inmensas como Something for the Weekend o Becoming more like Alfie.

12. (What’s the story) Morning glory, de Oasis:
En su día fue celebrado como incluso mejor que su debut. Wonderwall fue un éxito mundial, aunque con el tiempo las mejores canciones son las que suenan más urgentes, Hello o Some might say. A pesar de que no, no era mejor que Definitely maybe, se trataba de una colección de canciones al alcance de muy pocos, y fue el disco que les dio la gloria.

13. Modern life is rubbish, de Blur:
Debates al margen (si fue o no el disco que marcó el ahora del britpop), el segundo de Blur dibuja a un grupo que busca reinventarse: si antes el grunge ejercía su poder hasta donde alcanzaba la vista, ahora el pop debe dominar el mundo… otra vez. Los hipnóticos arreglos de Coxon, el tenso bajo de James y la lírica mordaz de Albarn, en pleno apogeo. Sin este disco, Parklife no hubiera sido posible.

14. A northern soul, de The Verve:
Ya desde el principio de su carrera, a Richard Ashcroft le llamaban Mad Richard por sus actitudes y ambiciones chamánicas. El único momento en que las puso negro sobre blanco fue en este disco, en especial en las canciones-himno A new decade, This is music y History. También en el libreto del disco, con imágenes apologéticas de una espiritualidad más o menos narcótica.

15. K, de Kula Shaker:
Con Hendrix, Grateful Dead y George Harrison metidos en el alma, y el Siddhartha de Hesse en el bolsillo, Crispian Mills, nieto del actor Sir John Mills, montó una banda para recuperar la espiritualidad que inundaba la psicodelia de finales de los 60. Versos en sánscrito y shivas de cuatro brazos recorren canciones que marcaron por la esencia más que por la forma. Ahora son difíciles de reivindicar, pero en su día Tattva fue un pelotazo.

16. Expecting to fly, de The Bluetones:
En 2010 se publicaba un nuevo disco de los Bluetones. Tras quince años de pop melódico y armoniosos pasajes, mostraban seguir a lo suyo, tarea que en la empezaron con Expecting to fly, su debut del año 1996. Las obvias comparaciones con los Stone Roses, lejos de perjudicar, les permitieron tener hueco asegurado en el NME. Y hits como Bluetonic o Slight return hicieron el resto.

17. The great escape, de Blur:
Batalla campal, estribillos letales, palabras afiladas, y dos discos a punto de ver la luz. Oasis ganó en cifras y Blur en letras. Country house, un single lleno de referencias british, sirvió de radiografía (y de aviso) de lo que íbamos a encontrar en The great escape: la sociedad británica y su cultura puestas en duda. Con singles como The universal, estamos ante el primer disco de Blur que consiguió triunfar en EE UU.

18. Olympian, de Gene:
En algún punto entre The Faces, The Jam y The Smiths situamos el proyecto de Martin Rossiter y compañía. Secundarios de lujo más por mala suerte que por falta de talento, Gene destacaban por mezclar épica con crudeza, ofreciendo un debut que, por debajo de las evidentes influencias, dejaba entrever ideas y personalidad. Hay que completarlo con el álbum de singles y rarezas To see the lights.

19. This world and body, de Marion:
Víctimas de lo que llamaron ‘la maldición de Morrissey’ (grupo al que alababa, grupo que se hundía), Marion tuvieron sus cinco minutos de gloria gracias a temas irresistibles como Sleep. Las adicciones de su líder, Jaime, acabaron con ellos antes de lo que merecían.

20. Moseley shoals, de Ocean Colour Scene:
Paul Weller dijo: “Ellos me gustan”. Y nosotros le creímos, porque casi nunca se equivoca. Mucho más eclécticos y frescos que en su debut, Ocean Colour Scene sorprendieron en el año 1996 con este brillante disco y con un single, The riverboat song, que contiene uno de los riffs más adictivos del pop.

21. New wave, de The Auteurs:
El exquisito grupo de Luke Haines fue alineado junto a Suede en los principios del Britpop, pero el regusto agridulce y el sonido más melódico que demuestran joyas como Showgirl o Starstruck mostró que sus caminos eran distintos.

22. Nuisance, de Menswear:
Hubo un momento, en 1994, en que todo el mundo sabía quiénes eran Menswear aunque nadie había escuchado ni una canción suya. Eran los reyes del saber estar, de la ubicuidad, convirtieron el ser vistos en un arte. Después, el tiempo se les echó encima y les pasó de largo. Antes, hicieron este disco en el que brillan sus singles más conocidos: Daydreamer y Being brave.

23. On, de Echobelly:
Por un par de años, Echobelly fueron la banda con cantante femenina más consistente del Britpop. Éxitos como Insomniac o I can’t imagine the world without me abonaron el terreno para este On que les consolidó, aunque brevemente. Los hits aquí son King of the kerb y Great things. Echobelly pusieron banda sonora a muchos grandes momentos de la época.

24. Lovelife, de Lush:
Fueron de los primeros en estar ahí, alternando con Blur y Stereolab, pero no alcanzaron ni la popularidad de los primeros ni el culto de los segundos. Se quedaron en unos fabricantes de pop –perdón– bonito, cuidados por la prensa hasta que aparecieron en escena Cast, que hacían lo mismo pero con personaje ilustre en cabeza. De hecho ellos y su All change podrían haber ocupado este hueco.

25. The it girl, de Sleeper:
Ahora cuesta creerlo, pero Sleeper titulaban así su segundo disco porque su lideresa, Louise Wener, era en efecto la chica-objeto del britpop –dado que Justine Frischmann era pareja estable de Damon Albarn–. Aunque musicalmente no estuvieran a la altura de la atención que se les prestó, Sale of the century, Nice guy Eddie o Statuesque pueden valer una revisión en una fiesta temática."

Bom listas são sempre subjetivas, mas deixar de fora Urban Hymmes do Verve é um pecado mortal!

Quanto ao Oasis, Defenitly Maybe é de fato um disco histórico, considerado um dos melhores debuts de todos os tempos, mas o Morning Glory (em 12o. na lista) é, por questões sentimentais, o meu favorito.

Aliás, o disco solo do Noel Gallegher etá bem bom, recomendo.