sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Top 20 Discos Internacionais (pt. 2)

10. Gruff Rhys – Hotel Shampoo


Terceiro disco solo do vocalista/guitarrista dos Super Furry Animals (uma das minhas bandas preferidas!!!). Pop – na acepção menos asséptica da palavra – de primeiríssima linha, com certeza o disco mais classudo do ano, mal posso esperar pelo próximos dos Furries.

9. Noel Gallagher – Noel Gallagher´s High Flying Birds


O bom é velho Noel já é quase um tiozão, mas continua com a mão afiada para boas músicas, e ainda se aventurou por caminhos que não ousava no Oasis, como corais femininos, uma brass band ao estilo de Nova Orleans e até uma faixa dançante ao bom estilo de Manchester. Que venham mais discos desse, que descobri ser um cara muito boa gente!

8. The Horrors – Skying


Banda mais hypada da Inglaterra atualmente. E o disco é muito bom mesmo, camadas e mais camadas de guitarras e teclados formam um som bem coeso e bom de ouvir. Deveria haver mais bandas novas como essa.

7. The Black Keys – El Camino


Olha os caras de novo no nosso top de final de ano! Mamma mia, que discaço! Depois do estrondoso sucesso do último disco, voltaram a ser produzidos pelo Danger Mouse (Gnarls Barkley, Gorillaz e etc.). Um disco honesto até a medula, retrô e moderno ao mesmo tempo (dá para entender isso? Melhor ouvir).

6. Cat´s Eyes - Cat´s Eyes


O vocalista dos Horrors se junta com uma cantor lírica e de formação erudita para fazerem um disco com inspiração nos Girl Groups de outrora. Uma verdadeira viagem ao lado romântico e dark side dos anos 60. Tem um quê de Velvet Underground, só que menos cru e com a Nico participando mais. O disco mais cool do ano.

5. Arctic Monkeys – Suck It And See


A macacada voltou com tudo para o quarto disco. AS músicas grudam demais no ouvido. Os caras mandam bem demais.

4. Tom Waits – Bade As Me


O que mais pode ser falado sobre o Tom Waits? Sendo direto, esse disco, como definiu parte da imprensa musical britânica, parece um Best of do cara, só que com músicas inéditas. Keith Richards e Flea fazem participações especiais.

3. tUNE-yARDS - Whokill


Um disco que eu comprei às cegas e que me deixou completamente embasbacado. Sem dúvida o álbum mais instigante e criativo que ouvi esse ano. E melhor, foi lançado no Brasil.

2. PJ Harvey – Let England Shake


Aqui a porca vai torcer o rabo! Foi o disco do ano para 90% das publicações gringas especializadas em música. O disco é demais e tem cara de clássico. Dessa lista, certamente é o único disco que será lembrado daqui a 20, 30 anos. Aqui, como diz o Maurício Valladares (Ronca Ronca) é a “parte funda da piscina”! E então por que cargas d’água não o escolhi como o melhor disco internacional do ano? Para saber a resposta é só continuar lendo.

1. TV On The Radio – Nine Types Of Light


A resposta é simples! Porque a vida não é uma ciência exata, e certas coisas são subjetivas demais para serem explicadas. O fato é que esse disco me pirou a cabeça desde a primeira vez que o ouvi! O TVOTR é uma banda que caiu no meu gosto de um par de anos para cá e um dos únicos grupos desses anos 2000 em diante que tem um trabalho realmente autêntico (original ninguém mais consegue ser). Um discaço do começo ao fim, mantém o padrão de qualidade da banda, mas dessa vez é um pouco menos difícil.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Top 20 (e 1) Discos Internacionais de 2011

Tal qual no cenário nacional, lá fora o ano também me pareceu mais generoso em termos de lançamentos musicais, tanto que deu para fazer um top 20 (e 1), ao invés dos apenas 5 do ano passado.

21. Jah Wobble e Julie Campbell – Psychic Life


O grande Jah Wobble fez um disco bem bacana com a cantor de Manchester também conhecida por Lonelady. O assunto aqui é música para dançar, mas entrou na lista por causa das duas colaborações com o guitarrista Keith Levene (ambos ex PIL) desde o clássico absoluto Metal Box.

20. Bon Iver – Bon Iver, Bon Iver


Segundo disco do projeto de Justin Vernon, agora muito mais banda do que o primeiro. O disco é muito bonito, mas de início me pareceu bem linear, mas algo me diz que crescerá com mais audições.

19. Warpaint – The Fool


The Cure encontra PJ Harvey.


18.Metronomy – English Riviera


Meio orgânico, meio eletrônico, meio loung, meio para pista. Bem bom!


17.James Blake – James Blake


Já falei sobre esse disco aqui. Dizem que tem uma pegada dubstep, mas eu acho que está mais para um trip hop mais moderninho. Um disco que valoriza os silêncios, muito bonito mesmo.

16. St. Vincent – Strange Mercy


Nunca tinha ouvido nada da “banda” dessa menina, mas gostei bastante. Tem bastante guitarra e a voz dele é bem cool.

15. Ghost Poet – Peanut Butter Blues & Melancholy Jam


É ingles, um hip hop meio modernoso, com umas bases bem puxadas para o dubstep. Além das batidas o destaque fica com o volcal, mais falado, e o sotaque britânico dá um charme extra.

14. Shabazz Palaces – Black Up


Duo norte-americano, com base em Seattle, e formado por um dos caras do Digable Planets (lembra dos anos 90?). Lançaram o primeiro disco pela gravadora do Grunge, e do Nirvana. O som mais doido que você poderia ter ouvido esse ano. É como o hip hop do futuro deveria soar!

13. Anna Calvi – Anna Calvi


Junte PJ Harvey (a Anna Calvi nega), com trilhas de western do Morricone com um toque de flamenco e você tem um dos discos mais legais do ano. A voz dela é realmente poderosa!

12. R.E.M. – Collapse Into Now


Não desceu muito bem na primeira audição. Quando ouvi na estrada, dirigindo, tudo mudou. Com o anúncio do fim da banda ganhou outra dimensão. Também poderia ser um forte concorrente para capa de disco mais feia do ano (mas alguém ainda liga para capa de disco? Bom, eu sim).

11. Thurston Moore – Demolished Thoughts


Ele se juntou com o Beck (como produtor), e fez um disco acústico, com arranjos de cordas muito belos. Algumas músicas parecem, claro, Sonic Youth acústico. O disco acabou entrando para a história, pois foi o último lançamento de um dos Sonic Youth antes da separação da banda (o último show rolou no SWU), motivada pela separação do casal Thurston e Kim Gordon.

Amanhã tem o Top 10!

Melhor disco ao vivo de 2011

Não me lembro de ter ouvido muitos discos ao vivo esse ano. Teve um do PIL, no festival da Ilha de Wight, que é bacana e tal, principalmente pelo "pau" que dá no som nas primeiras músicas. Vale como documento.

Mas o disco ao vivo que mais ouvi em 2011 foi esse do Caetano.

Cito a critica da revista Blitz, de Portugal: "Talvez um artista no fim do tempo (45 anos de carreira) comece finalmente a pensar em sobrevoar o tempo, despindo-se de adornos estilísticos mais carregados em favor de uma simples túnica elétrica de rock universal."

É isso mesmo, e a Banda Cê que acompanha Caê está redondinha que só, digo que (Pedro Sá).

Depeche Mode

E ainda dizem que a torcida brasileira dá espetáculo!

Ao invés de inventar um monte de musiquinhas piégas, as organizadas podiam se apropriar de músicas do cancioneiro pop ou popular brasileiro.

Show do ano!!!

Tá certo, não fui a um show sequer esse ano, mas está valendo, pois ocm o Primal Scream tocando o Screamadelica na íntegra, e em um show fora de festival, duvido que tenha havido algum show melhor.

Só uma palhinha do estrago que esses caras podem fazer ao vivo (sente a empolgação do Jools Holland ao final da música):

Um disco para o verão


O disco foi lançado em 2011, está disponível para download gratuito no site da banda, mas como não consegui ouvir com muita atenção, acabou ficando de fora da lista de melhores.

De qualquer forma, e o título do disco entrega isso sem qualquer dificuldade, com a cachola embaixo do sol (com chapéu, no meu caso), uma gelada na mão e na beira do mar - ou, vá lá, de uma piscina - esse som cairá muito bem no verão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Metá Metá: "O" disco do ano!!!!




Sem sombra de dúvida esse é, para mim, O DISCO DO ANO DE 2011, o melhor entre todos os álbuns, brasileiros ou não, que ouvi esse ano.

Sem exageros, não ficava empolgado (quase alucinado) com um disco brasileiro desde ..., sei lá, acho que isso aconteceu somente duas vezes nos últimos 20 anos, com A Vida é Doce, do Lobão (1999) e o Futura, da Nação Zumbi (2005).

Mas a pegada aqui é outra, muito diferente do trip hop poderoso do Lobo Mau.




Metá Metá é formado por Kiko Dinucci (violão e voz), Juçara Marçal (voz) e Thiago França (sax e flauta), e em Ioruba significa ‘feito por três ao mesmo tempo’. Sim, pode deixar a mente viajar, pois o termo também pode ser usado com uma conotação mais, digamos assim, maliciosa, o que faz todo sentido quando se ouve o disco.

Os três conduzem as ações e são auxiliados em algumas faixas, especialmente na segunda metade do álbum, por Samba Ossale (percussão), Sérgio Machado (bateria) e Rodrigo Campos (cavaquinho).

Só para tentar resumir o que eu penso desse álbum: o disco me soa como um trabalho muito foda, feito em uma época em que eram gravados muitos discos foda!!! Em outras palavras, parece um álbum feito em meados da década de 70. Posso até estar exagerando, mas a sensação que tive ao ouvir o disco pela primeira vez (sem qualquer expectativa, levado apenas pela admiração que tenho pelos outros trabalhos do Kiko Dinucci), e que se manteve a cada uma das inúmeras audições, é de que esse álbum é comparável a Acabou Chorare, Clube da Esquina, Cartola I e II, Elis & Tom, Transa e por aí vai.



Achei na internet um faixa a faixa feito por Ana Mesquita no site Pastilhas Coloridas, que agora compartilho com vocês:

“A sintonia dos três é infinitamente bela, Juçara tem voz doce e não se deixa enganar pelo falsete, voz firme, direta, que vem das entranhas, mas que passa pelo coração antes de sair de sua boca. A base do disco são os acordes do violão de Kiko fortemente influenciado pelo afro samba e afrobeat, mas com pegada própria, contemporânea. E o sax de Thiago tem um timbre que me emociona, me pega e me leva pra lembranças sonoras deliciosas.

"Vale do Jucá" abre o disco lindamente, toda delicada, mas com uma letra arrebatadora, falando do antigo e do atual, com um solo de sax tão triste e angustiante e uma marcação quase marcial de tempo. Música de Siba Veloso. Aliás, a escolha dos compositores desse disco é um capítulo a parte. Só gente talentosa, independentemente de valoração da fama. Percebe-se o cuidado com a pesquisa das canções para a criação de um álbum coeso, que expresse uma idéia única, dentro da diversidade de texturas rítmicas e harmônicas.

"Umbigada" de Lincoln Antônio te tira o nó da garganta deixado com a primeira música e te leva pra brincadeira da dança folclórica, a flauta transversal te conduz para esse caminho. "Papel Sulfite" de Jonathan Silva, é o alívio do coração, um pedido de perdão e de abertura ao novo em uma relação. É a fé no amor apesar do cotidiano que mata.
Quando começou "Trovoa" achei que seria simplesmente um poema recitado no meio do disco, mas Juçara vai dando ritmo ao canto e a forma inconfundível do canto falado – ou fala cantada wherever – da música paulistana do fim dos anos 70 e início dos 80 aparece certeira. Aqui a poesia se sobrepõe aos instrumentos, que fazem unicamente uma cama para que Juçara cante São Paulo da Santa Cecília até a Vila Ipojuca, jurando que vai virar mendingo caso seja abandonada. Maurício Pereira tem seu talento relembrando.

Choro toda vez que escuto "Samuel", parceria com Rodrigo Campos – que toca cavaquinho nessa faixa – a música trata de um garoto que vai aprontar na região da Paulista/Augusta. Um Afro Samba clássico lindo de morrer e emocionante, e que com uma par de versos diz mais do que muito livro teórico sobre o processo de urbanização de São Paulo e de como o centro é um local de exclusão. Expulsamos os pobres pras longínquas periferias e fazemos de conta que o problema não é nosso. Cidade partida. "Vias de Fato", composição de Edu Batata, Douglas Germano e Kiko Dinucci também é um afro samba, da solidão. “Sigo meu caminhar, nunca amanheço o mesmo”.

Agora tu vira o disco porque vai começar o lado B

E vai andentrar o mundo dos orixás do candomblé. "Oronian" e "Oba Iná" – a primeira parceria de Douglas Germano e Kiko Dinucci, e a segunda somente de Douglas – são daqueles tipos de música que dá vontade de sair dançando e cantando junto, porque você tem certeza algo muito bom vai acontecer com sua alma se fizer isso. Destaque para o sax de Thiago em "Obá Iná", quebradeira pura, solo inspirador.

"Obatalá" baixa a pulsação com uma melodia encantadora. É o melhor dos vídeos do Bagagem, de uma poesia visual e sonora rara. Composição solo de Kiko, a única somente dele.

O disco fecha com um ponto de Oxum. Uma amiga, filha de Oxum, usava somente branco toda sexta-feira, mas sempre com algum adereço dourado, porque sua mãezinha gosta muito. “Sai queimando bicho” denúncia a gravação ao vivo em estúdio. Na verdade nunca imaginei que tivesse sido gravado de outra forma esse disco, com todo o envolvimento e dedicação ao conjunto da obra despendido pelos três para fazer o melhor álbum brasileiro que saiu até agora. “



O disco foi lançado de forma totalmente gratuita e disponibilizado on line, e também pode ser baixado junto com um aplicativo, chamado Bagagem, no qual se tem acesso pelo computador ao encarte do álbum, e contém ainda um belo clipe para cada uma das faixas.
O disco foi lançado mais tarde em formato físico, e pode ser comprado no site do selo Desmonta, custa bem baratinho, R$ 10,00, mas seu valor é inestimável.

Deixo vocês com um apelo: não deixem de ouvir. Se não quiserem comprar, ao menos baixem o mp3 (WWW.kikodinucci.com.br), mas ouçam o disco com atenção e sem amarras.

Boa audição, e que em 2012 tenhamos mais álbums como esse.

Top 10 (11) Nacional de 2011

Esse ano de 2011 me pareceu, no geral um ano bem melhor que 2010 em termos de lançamentos musicais, nacionais ou internacionais. Ou, pelo menos, eu ouvi mais música.

Se, no ano passado, consegui fazer um Top 5, esse ano deu para fazer um top 10, top 11, na verdade, e isso não quer dizer que tenha ficado menos seletivo.

Aí vai, espero que leiam, ouçam, comentem e façam suas próprias listas:

11. Marina Lima – Clímax


A Marina Lima sempre foi uma compositora e intérprete muito elegante (ainda que tenha perdido a voz, eu gosto muito do resultado atual). Nesse disco parece ter voltado à boa forma. Não ia entrar na lista, mas por causa de duas músicas, a abertura com “Não me venha falar de amor”, com sua linha de baixo hipnotizante e um belo riff de guitarra e “Lex”, uma ode descarada ao Radiohead de In Rainbows (com direito a citação de “Canto de Ossanha”), ganhou lugar na lista. Na real , só duas músicas não encaixam, a cover de “Call Me” e a parceria com o Samuel Rosa, que parece uma música do Skank (o que não seria ruim, se não fosse um disco da Marina).

10. Copacabana Club – Tropical Splash


Rock dançante e muito divertido. Mùsica de festa. Funciona muito bem na pista e o show é muito bom. A produção é muito caprichada. Ainda que entenda a opção por cantarem em inglês, podiam arriscar algumas letras em português.

9. The Gilbertos – À Noite Sonhamos


Projeto do Thomas Pappon, vocalista da cultuada banda Fellini. Esse é o terceiro disco deles, dessa vez com uma acertada ênfase nas guitarras. Isso é o indie brasileiro de verdade, e o termo aqui é empregado no bom sentido.

8. Mundo Livre S/A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa


O rock samba da turma do 04 continua dando um caldo bom danado. Dessa vez está menos punk e mais espacial, mas continua malemolente que só!

7. Amabis – Memórias Luso-Africanas


Gui Amabis é produtor e trilheiro, além de ser parceiro constante da Céu (sua mulher) e do coletivo Instituto. Esse é seu primeiro disco solo, altamente recomendável. Cheio de climas elegantes e uma variação bacana de estilos nas faixas. Tem ótimas participações de Céu, Tulipa Ruiz e Criolo, dentre outros.

6. Romulo Fróes – Um Labirinto em Cada Pé


Os discos do Romulo Fróes estão ficando cada vez melhores a medida em que ele vai colocando o samba como um elemento mais diluído em sua mistura sonora. O som aqui tem uma pegada setentista de primeira, muito por conta das guitarras do Guilherme Held, que é um cara que vem despontando há algum tempo nessa nova cena paulistana, além de ser pupilo do lendário Lanny Gordin. A adição dos sopros do Thiago França também deram um toque a mais no álbum.

5. Karina Buhr – Longe de Onde


Ano passado ela já figurou no top 5 do blog e a evolução no seu segundo disco é evidente. Resultado: qualidade altíssima. E o disco ganha muito com as guitarras do Edgard Scandurra e do Fernando Catatau, mas a dona do brinquedo sem dúvida é a Karina Buhr. Algo me diz que ela ainda vai fazer muito barulho e atingir um público maior, além de ser, talvez a artista nova com maior potencial para uma carreira no exterior.

4. Marcelo Camelo – Toque Dela


Que se dane o preconceito da crítica musical pseudo-inteligente. Camelo soltou um disco muito bonito, alegre até, e muito bom! Como na maioria dos sons que têm me agradado, tem uma pegada setentista inconfundível – e por setentista entenda-se a música brasileira que era moderna na década de 70. A produção do Victor Rice deu um som bem legal à bolachinha.

3. Criolo – Nó na Orelha


Aqui estamos diante do que foi mais hype no ano. E se é hype, dá para desconfiar. Mas que está por trás desse disco do ex Criolo Doido (vinte anos de hip hop nas costas) é o Daniel Ganjaman do Instituto, como produtor, e isso é um grande indicativo de qualidade. Confesso que ainda não saquei qual é a do Criolo, se o cara é apenas zen mesmo ou se é um “Mano Brown paz e amor”. Como o que interessa é a música, recomendo muito o disco, que tem rap, afrobeat, samba, brega, trip hop e dub, e consegue manter uma unidade fantástica, com arranjos muito bons mesmo (méritos do Mr. Ganja). Agora nos resta esperar pelos próximos discos.

2. Kassin – Sonhando Devagar


Em resumo, esse é um disco totalmente crazy, que te desafia como ouvinte a cada faixa, mas ao mesmo tempo é descaradamente pop (no melhor sentido da palavra), e isso é muito raro. Some-se a tudo isso o fato de o Kassin – o produtor brasileiro mais badalado do momento – nunca se levar totalmente a sério, o que é uma das melhores qualidades que um artista pode ter. Não tivesse sido lançado o primeiro lugar, não teria para mais ninguém.

1. Metá Metá – Metá Metá


Esse disco é tão fantástico, que merece um post a parte.

Enquanto não falo sobre o melhor disco de 2011, uma breve lista dos discos que devem fazer algum barulho em 2012:

1. B Negão e os Seletores de Frequência – será que sai mesmo esse segundo disco? O primeiro é de 2003, salvo engano;

2. Black Alien – outro ex Planet Hemp que está devendo um segundo disco faz tempo;

3. Marcelo D2 – e já que estamos na seara dos ex Planets! Podem torcer o nariz, além de muito gente fina, acho o cara super talentoso, e sua contribuição para a música brasileira é inestimável. Ao que tudo indica vai lançar um disco gravado em diversas partes do mundo (com um clipe para cada faixa). Resta aguardar;

4. Rodrigo Amarante – deve sair no primeiro semestre a estréia solo do ex Los Hermanos. A expectativa é muito alta, pois talento o cara tem de sobra (prefiro suas composições, e sua voz, no Los Hermanos às do Camelo);

5. Otto – o lançamento de The Moon 1111 foi alardeado para 11/11/11, o que não ocorreu. Sabe-se que foi gravado parte em São Paulo e parte em Peixinhos (bairro de origem da Nação Zumbi), e que foi aprovado no edital da Natura Musical, o que lhe garante um lançamento decente. Otto está sempre muito bem acompanhado, e não deve desapontar;

6. Rodrigo Campos – Bahia Fantástica deve ser lançado no início do ano e já ganhou destaque no Caderno 2 do Estadão. Vejam o vídeo abaixo e tirem suas próprias conclusões.



7. Siba Veloso – o ex Mestre Ambrósio volta a pegar na guitarra, com produção do Fernando Catatau. Avante deve ser lançado também em janeiro. Outro vídeo que vale a pena:

SIBA - Ariana from DobleChapa on Vimeo.


8. Nação Zumbi – a produção dessa vez é do Kassin, e da Nação Zumbi não se pode duvidar;

9. Fiquem atentos a tudo que o Kiko Dinucci lançar ou estiver envolvido, é garantia de qualidade máxima;

10. Lurdez da Luz – também está na hora dela lançar seu segundo disco. Boto muita fé no potencial dela.

Um disco que teve tudo para figurar na lista dos melhores foi o do Bixiga 70, mas ao ouvir o disco ficou a sensação de faltar algo mais.


A banda tem sido bem comentada e seus shows bem disputados. A essência do som dos caras é misturar afrobeat e outras africanidades com funk e balanços afins. O disco é legal e tal, mas achei que ficou meio caricato – na dúvida fiquem com Budos Band e El Michaels Affair -, mas acredito que tenham potencial para achar um caminho mais autêntico, mas para isso será necessária uma imersão no universo da música brasileira.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ronca Ronca



Ah!

E já está rolando, agora, live, a 300a. edição do Ronca Ronca, na OI FM.

300 min. da mais completa desorientação sonora com Mr. Maurício Valladares, o Mauval.

Ouve aí: em São Paulo 94,1FM ou na internet, no site da rádio.

Vai até 1h da manhã!!!

E por falar no Heima ...

De forma bem resumida, em 2007 o Sigur Ros resolveu fazer uma turnê por diversos lugares de sua terra natal, a Islândia. O resultado você assiste no filme Heima, uma maravilha que mescla imagens alucinantes da Islândia, entrevistas bacanas e performances magníficas em formatos e localidades bem diversas.

Tem inteiro no Iutubiu, mas garanto que no DVD, com uma boa tela é muito melhor!!!

Melhor DVD musical de 2011

Só para dar um gostinho do que vem por aí...

Não rolou fazer um top dos DVDs de música (não vi tantos assim). Dizem que o filme do Scorcese sobre o George Harrison é imperdível, e eu acredito nisso.

Vi uns filmes sobre música bem bacanas, como os documentários do Lemmy e do Foo Fighters.

Agora, DVD de show, dúvido que tenha sido lançado um tão belo quanto esse do Sigur Ros.

É totalmente o oposto da obra prima,Heima - primeiro DVD -, Heima, só tem imagens da banda e em preto e branco, mas é lindo de morrer!!!

The Black Stooges

O apelido da mídia especializada é um tanto quanto exagerado, mas vale uma conferida para esquentar as turbinas:


De vorta!!!




Fiquei no estaleiro na última semana, mas até sexta teremos atividade aqui no blog.

Aguardem as listas de melhores do ano!!!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uns vivem, outros apenas existem, pt. 2

E já que peguei o gancho do título do post passado da célebre frase de Oscar Wilde, segue um texto excelente publicado no blog do André Forastieri:

'30 DE NOVEMBRO DE 1900

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas existe, e nada mais."

Paris, 1900: cinco garrafas de conhaque por semana constituem sua principal alimentação a esta altura. Fora elegante, aplaudido, glorioso. Caiu em desgraça.

Está um trapo, arrebentado pela rejeição, a pobreza, os anos na cadeia. Fraco, magro, com uma infecção permanente no ouvido. O tratamento é arsênico e estricnina.

Foi abandonado por quase todos. Sobra um companheiro, Maurice, e um antigo amante, ainda amigo dedicado, Robert Ross.

"Estou morrendo acima das minhas possibilidades", diz a ele. "Não tenho dinheiro nem para morrer."

É seu último companheiro de bar. Tomam absinto. "Que razão tenho para continuar vivendo?" Dia seguinte o ouvido supura. A meningite se instala.

Logo morfina para de funcionar para aliviar as dores de cabeça horríveis. Troca por ópio. E champanhe.

Dia 27 de novembro começam os delírios. Dia 29 está cadavérico e ofegante. A mente afiada como uma adaga dissolve. Eterno pagão recebe a extrema-unção.

Na madrugada de 30 de novembro, a boca começa a espumar. Ele vomita sangue. O coração para pouco antes das duas da tarde. O gênio implode - fluidos jorram de seu corpo por todos os orifícios.

O enterro barato é dia 3 de dezembro. Catorze pessoas, incluindo o grande amor de sua vida.

Na estante ao lado da mesa em que escrevo neste minuto tem um livro dele.

São 260 páginas de frases lapidares, retiradas de suas peças, ensaios, contos, cartas, ou simplesmente disparadas à queima-roupa em algum sarau elegante.

É um pedacinho precioso de sua obra completa, monumento que uma amiga querida se deu de presente neste Natal, e não consigo imaginar presente melhor.

As frases do livro estão divididas em 49 temas - Arte, Religião, Fumar, América, Inglaterra, Casamento, Amor, Jornalismo, Política, Beleza, Juventude e Velhice, Riqueza e Pobreza, e mais.

Não há um capítulo chamado Morte. Morte, confortável, indigna ou prematura, não é tema que interesse a quem disse "uso minha arte para viver, e só o meu talento para trabalhar".

O que importa é viver, e não só existir. "Acreditar é insosso. Duvidar é imensamente sedutor. Estar alerta é estar vivo. Sentir-se seguro é morrer."

Oscar Wilde morreu com 46 anos. Oscar Wilde vive.'

Alguns vivem, outros apenas existem

Belo texto do Flávio Gomes (ESPN) sobre o já saudoso irmão do Raí:

"PORRA, DOUTOR

SÃO PAULO – Aí quando eu estava lá embaixo no meio daquele milhão de pessoas pedindo para votar para presidente, o cara sobe lá no palanque, em cima do viaduto, ergue o punho direito, ou o esquerdo, e grita que queria a mesma coisa. Do meu lado, gente de todas as cores e credos ludopédicos erguem seus punhos, também, e aplaudem o cara, que resolveu não jogar na Europa porque queria estar aqui para ver de perto o fim daqueles anos em preto e branco.

Não deu nada certo, não votamos para porra nenhuma, e dias depois, ou semanas, não me peçam para lembrar os quandos e ondes, mas acho que era no Morumbi, e o cara enfia a bica da intermediária, nosso goleiro sem pescoço pula e não pega nada, ele ergue o punho de novo e eu xingo o cara com todas as minhas forças, doutor do caralho, filho da puta, vai tomar no cu.

Antes, Copa do Mundo na Espanha, Brasil versus União Soviética. Estamos lá na zona leste, num puxadinho junto com um monte de gente que eu também não conhecia direito, uma TV com bombril na antena, umas brahmas, gol dele, o empate, se bem me lembro. Abraços e beijos, doutor do caralho, filho da puta, joga demais, vamos, porra.

Depois daquela Copa acho que não torci mais para seleção nenhuma, depois daquela ninguém mais nos representou, talvez em 1986, era um restinho daquela, o cara estava lá de novo, com faixa na cabeça, quatro anos mais velho, mais cabeludo e mais desgostoso, perdeu um pênalti, nem xinguei de doutor do caralho. Já tinha feito muito, tudo bem, entre uma e outra ele tinha ido e voltado da Itália, aí foi jogar no Rio, queria ficar junto do povo, do povo inteiro, jeitão de fim de carreira, mas era médico, ia parar e vestir o jaleco para cuidar do povo, e ele dizia povo com autoridade, sabia bem quem era o povo, e cada um para o seu canto. Eu, que o conhecia da TV, do estádio e do Anhangabaú, para cuidar da minha vidinha besta; ele, para cuidar do povo — no falar, escrever, pensar.

Avança a fita.

Ano passado, um velho e empoeirado e querido pub em Pinheiros, faz frio, as portas já fechadas, o dono não quer nem saber, quem quiser fumar, fume, fumem e bebam antes que o mundo acabe, o amigo tocando violão, a gente ali, tentando entender o que estava acontecendo com nossas vidas, aí ele entra alto, forte, senta, pede um vinho, sorri, canta, sorri, bebe, sorri, fuma, e a gente tira foto com ele, e o mundo é um lugar até aceitável quando a gente vê que tem gente como ele, que jogava bola, que só vencia a timidez diante da multidão falando e tocando de calcanhar, e que sorria, e bebia e fumava.

Sócrates morreu de tanto viver, que é uma boa forma de morrer."

Quanto vale o show?

Quanto você pagaria por um disco?

Isso se você ainda compra discos!

Como eu compro, posso tentar responder a essa pergunta.

Discos hoje podem custar muito dinheiro, principalmente se forem raros e em vinil.

Coisas do tipo o primeiro disco do Roberto Carlos custar entre dois e cinco mil reais! E dizem que é bem fraquinho, e por isso é raro, pois o Rei, por não gostar do resultado, rapidinho proibiu sua circulação. Há até uma lenda urbana, de que pessoas a mando do Robertão sempre compram o disco quando o encontram disponível.

Os volumes racionais do Tim Maia também são um exemplo batido.

Certa vez, em 2009, estava com minha mulher em Londres e passei na Honest Johns, a loja/selo do Damon Albarn (Blur, Gorillaz e bota etc nisso). Dando uma conferida nos vinis encontrei o Paebiru, do Zé Ramalho e do Lula Côrtes. Custava 20 libras. Tive uma epifania e, cego pela ecxitação, segurei uns dois ou três exemplares na mão e disse para minha mulher que a viagem estava paga. A lógica era simples, comprar por 20 libras e vender aqui por 2.000 reais (esse era o preço do álbum no mercado de colecionadores na época, hoje não tenho idéia). É claro que, passados 20 segundos, voltei à razão e resolvi checar o motivo de o preço estar tão baixo. O resultado? Tratava-se de uma reedição gringa, um daqueles piratas quase oficiais, fabricados com base no vinil original e lançados geralmente na Europa, e pelos quais os artistas geralmente nada recebem, a não ser em termos de divulgação gratuita. Ainda bem que não abordei o vendedor, percebi tudo apenas pela contra capa do álbum, que, aliás, acabei nem levando para minha coleção (entendo o valor do disco, mas todas as vezes que tentei ouvir parei na metade da primeira faixa).

Micos a parte, tenho dois discos em vinil nos quais investi (sim, para mim esse é termo correto) uma boa grana.

O primeiro deles foi o Quem é Quem, do João Donato, pelo qual paguei na época 160 reais. Uma boa grana, certo? Mas é um disco relativamente raro, em edição da época, além de ser, claro, uma obra prima!


O outro foi o Metal Box, do Pil, ou Publlic Image Ltd.



Por esse foram 200 pilas (reais).

Também achou muito, certo?

Eu também. Mais ou menos, na verdade.

Em primeiro lugar, o vinil é importado (qualidade absurdamente superior) e original da época de seu lançamento, ou seja, 1979, quando eu tinha apenas 3 anos de idade. Além disso é triplo e sua edição foi limitada na Inglaterra e EUA já no ano de lançamento. Isso mesmo, é aquele vinil triplo lançado numa lata e que quase levou a banda à falência, cuja tiragem limitada inicial está esgotada desde então.

Ainda acha caro? Pesquisando em sites americanos encontrei por 200 dólares (lembre-se de quanto paguei).

Se você ainda está insatisfeito, esse disco é um dos mais importantes e influentes da história da música, e é triplo pois a banda achou que apenas prensando o disco em 45 rotações o som dos graves poderiam ser ouvidos como a banda queria.



Outra lenda que cerca o disco: certa vez o apartamento do Lester Bangs (o maior crítico de música daa história dos EUA e um dos melhores escritores da segunda metade do século passado) pegou fogo. Ele saiu só de cueca para rapidamente voltar ao imóvel em chamas. Adivinha qual o único objeto que fez questão de salvar, incluindo alguma muda de roupa? Isso mesmo! E você pode imaginar o que havia na coleção de discos dele, certo?

Posso dizer com todas as letras que mesmo a lata estando um pouco oxidada, e os discos terem alguns pequenos arranhões que às vezes fazem a agulha emperrar um pouco, cada audição deste álbum é um momento de prazer extremo!!!

Bom, depois de tudo isso, acho que o disco do João Donato foi muito mais caro que o do PIL.

Ainda poderia escrever aqui sobre reedições em vinil e as super reedições que recheam o mercado, mas deixo o assunto para breve.

Ouçam música, comprem discos.

Abs.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um belo depoimento sobre o rádio

“O rádio tem sido muito importante para mim em vários períodos da minha vida. Ouvindo ‘Don´t go breaking my heart’, com Elton John e Kiki Dee, ou solo com ‘Tiny Dancer’, no carro de minha mãe e imaginando quantos belos sons foram feitos. Ouvindo os Ramones, The Clash, X, Devo, B-52´s e Talking Heads na KROQ quando tinha 9. Ouvindo The Gems, The Cramps, The Weirdos, The Circle Jerks e Black Flag no (programa) Rodney on the Roq, de Rodney Bingenheimers, com 9, 10, 11 e 12. Deitado no escuro à noite com meu rádio/gravador de K7, ouvindo o mais baixo possível, pois eu deveria estar dormindo, gravando todas as minhas músicas favoritas do programa de Rodney, às vezes gravando o programa todo. Gravando ‘I feel love’ de Donna Summers, com 13 anos, e percebendo a maravilha do som estereofônico, o primeiro hit completamente eletrônico, imaginando como uma música daquelas teria sido feita. Com 26, sem um canto próprio, sentado sozinho no carro estacionário de minha amiga Toni, fumando a maconha e o tabaco que era proibido de fumar em sua casa, imaginando se era o fim ou o início de minha vida, ouvindo REM e Radiohead e sentindo que o rádio era minha única companhia (junto com minhas fitas k7 do Bob Marley e dos Butthole Surfers). O fato de muitas de nossas músicas terem alcançado as pessoas pelo rádio é algo do qual me orgulho muito.” (John Frusciante, tirado do encarte do best of dos Red Hot Chilli Peppers, tradução minha)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bom final de semana!!!

E por falar em Fellini (a banda)...













Vida longa ao Iutubui!!!

Você não imagina o que você não conheceu

Essa banda tem sido minha trilha sonora nas últimas semanas

Mais uma do Lisandro Aristimuño

Tordesilhas

Vergonha!!!

Isso mesmo, esse é o sentimento decorrente do total descaso que nós brasileiros temos pela música cantada em espanhol/castellano.

Seja para com nossos hermanos da América Latina ou com os muchachos de España.

E, pior ainda se pensarmos na terrinha mãe, Portugal, vez que falamos o mesmo idioma, e não temos pudores em mandar para lá Ivetes e Cláudias da vida.

Por isso, para celebrar o final de semana que chega, separei alguns vídeos de novos artistas dessas localidades:

Da Argentina:





Do Uruguai:



Da Espanha:



De portugal: