quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Top 10 (11) Nacional de 2011

Esse ano de 2011 me pareceu, no geral um ano bem melhor que 2010 em termos de lançamentos musicais, nacionais ou internacionais. Ou, pelo menos, eu ouvi mais música.

Se, no ano passado, consegui fazer um Top 5, esse ano deu para fazer um top 10, top 11, na verdade, e isso não quer dizer que tenha ficado menos seletivo.

Aí vai, espero que leiam, ouçam, comentem e façam suas próprias listas:

11. Marina Lima – Clímax


A Marina Lima sempre foi uma compositora e intérprete muito elegante (ainda que tenha perdido a voz, eu gosto muito do resultado atual). Nesse disco parece ter voltado à boa forma. Não ia entrar na lista, mas por causa de duas músicas, a abertura com “Não me venha falar de amor”, com sua linha de baixo hipnotizante e um belo riff de guitarra e “Lex”, uma ode descarada ao Radiohead de In Rainbows (com direito a citação de “Canto de Ossanha”), ganhou lugar na lista. Na real , só duas músicas não encaixam, a cover de “Call Me” e a parceria com o Samuel Rosa, que parece uma música do Skank (o que não seria ruim, se não fosse um disco da Marina).

10. Copacabana Club – Tropical Splash


Rock dançante e muito divertido. Mùsica de festa. Funciona muito bem na pista e o show é muito bom. A produção é muito caprichada. Ainda que entenda a opção por cantarem em inglês, podiam arriscar algumas letras em português.

9. The Gilbertos – À Noite Sonhamos


Projeto do Thomas Pappon, vocalista da cultuada banda Fellini. Esse é o terceiro disco deles, dessa vez com uma acertada ênfase nas guitarras. Isso é o indie brasileiro de verdade, e o termo aqui é empregado no bom sentido.

8. Mundo Livre S/A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa


O rock samba da turma do 04 continua dando um caldo bom danado. Dessa vez está menos punk e mais espacial, mas continua malemolente que só!

7. Amabis – Memórias Luso-Africanas


Gui Amabis é produtor e trilheiro, além de ser parceiro constante da Céu (sua mulher) e do coletivo Instituto. Esse é seu primeiro disco solo, altamente recomendável. Cheio de climas elegantes e uma variação bacana de estilos nas faixas. Tem ótimas participações de Céu, Tulipa Ruiz e Criolo, dentre outros.

6. Romulo Fróes – Um Labirinto em Cada Pé


Os discos do Romulo Fróes estão ficando cada vez melhores a medida em que ele vai colocando o samba como um elemento mais diluído em sua mistura sonora. O som aqui tem uma pegada setentista de primeira, muito por conta das guitarras do Guilherme Held, que é um cara que vem despontando há algum tempo nessa nova cena paulistana, além de ser pupilo do lendário Lanny Gordin. A adição dos sopros do Thiago França também deram um toque a mais no álbum.

5. Karina Buhr – Longe de Onde


Ano passado ela já figurou no top 5 do blog e a evolução no seu segundo disco é evidente. Resultado: qualidade altíssima. E o disco ganha muito com as guitarras do Edgard Scandurra e do Fernando Catatau, mas a dona do brinquedo sem dúvida é a Karina Buhr. Algo me diz que ela ainda vai fazer muito barulho e atingir um público maior, além de ser, talvez a artista nova com maior potencial para uma carreira no exterior.

4. Marcelo Camelo – Toque Dela


Que se dane o preconceito da crítica musical pseudo-inteligente. Camelo soltou um disco muito bonito, alegre até, e muito bom! Como na maioria dos sons que têm me agradado, tem uma pegada setentista inconfundível – e por setentista entenda-se a música brasileira que era moderna na década de 70. A produção do Victor Rice deu um som bem legal à bolachinha.

3. Criolo – Nó na Orelha


Aqui estamos diante do que foi mais hype no ano. E se é hype, dá para desconfiar. Mas que está por trás desse disco do ex Criolo Doido (vinte anos de hip hop nas costas) é o Daniel Ganjaman do Instituto, como produtor, e isso é um grande indicativo de qualidade. Confesso que ainda não saquei qual é a do Criolo, se o cara é apenas zen mesmo ou se é um “Mano Brown paz e amor”. Como o que interessa é a música, recomendo muito o disco, que tem rap, afrobeat, samba, brega, trip hop e dub, e consegue manter uma unidade fantástica, com arranjos muito bons mesmo (méritos do Mr. Ganja). Agora nos resta esperar pelos próximos discos.

2. Kassin – Sonhando Devagar


Em resumo, esse é um disco totalmente crazy, que te desafia como ouvinte a cada faixa, mas ao mesmo tempo é descaradamente pop (no melhor sentido da palavra), e isso é muito raro. Some-se a tudo isso o fato de o Kassin – o produtor brasileiro mais badalado do momento – nunca se levar totalmente a sério, o que é uma das melhores qualidades que um artista pode ter. Não tivesse sido lançado o primeiro lugar, não teria para mais ninguém.

1. Metá Metá – Metá Metá


Esse disco é tão fantástico, que merece um post a parte.

Enquanto não falo sobre o melhor disco de 2011, uma breve lista dos discos que devem fazer algum barulho em 2012:

1. B Negão e os Seletores de Frequência – será que sai mesmo esse segundo disco? O primeiro é de 2003, salvo engano;

2. Black Alien – outro ex Planet Hemp que está devendo um segundo disco faz tempo;

3. Marcelo D2 – e já que estamos na seara dos ex Planets! Podem torcer o nariz, além de muito gente fina, acho o cara super talentoso, e sua contribuição para a música brasileira é inestimável. Ao que tudo indica vai lançar um disco gravado em diversas partes do mundo (com um clipe para cada faixa). Resta aguardar;

4. Rodrigo Amarante – deve sair no primeiro semestre a estréia solo do ex Los Hermanos. A expectativa é muito alta, pois talento o cara tem de sobra (prefiro suas composições, e sua voz, no Los Hermanos às do Camelo);

5. Otto – o lançamento de The Moon 1111 foi alardeado para 11/11/11, o que não ocorreu. Sabe-se que foi gravado parte em São Paulo e parte em Peixinhos (bairro de origem da Nação Zumbi), e que foi aprovado no edital da Natura Musical, o que lhe garante um lançamento decente. Otto está sempre muito bem acompanhado, e não deve desapontar;

6. Rodrigo Campos – Bahia Fantástica deve ser lançado no início do ano e já ganhou destaque no Caderno 2 do Estadão. Vejam o vídeo abaixo e tirem suas próprias conclusões.



7. Siba Veloso – o ex Mestre Ambrósio volta a pegar na guitarra, com produção do Fernando Catatau. Avante deve ser lançado também em janeiro. Outro vídeo que vale a pena:

SIBA - Ariana from DobleChapa on Vimeo.


8. Nação Zumbi – a produção dessa vez é do Kassin, e da Nação Zumbi não se pode duvidar;

9. Fiquem atentos a tudo que o Kiko Dinucci lançar ou estiver envolvido, é garantia de qualidade máxima;

10. Lurdez da Luz – também está na hora dela lançar seu segundo disco. Boto muita fé no potencial dela.

Um disco que teve tudo para figurar na lista dos melhores foi o do Bixiga 70, mas ao ouvir o disco ficou a sensação de faltar algo mais.


A banda tem sido bem comentada e seus shows bem disputados. A essência do som dos caras é misturar afrobeat e outras africanidades com funk e balanços afins. O disco é legal e tal, mas achei que ficou meio caricato – na dúvida fiquem com Budos Band e El Michaels Affair -, mas acredito que tenham potencial para achar um caminho mais autêntico, mas para isso será necessária uma imersão no universo da música brasileira.

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