Se, no ano passado, consegui fazer um Top 5, esse ano deu para fazer um top 10, top 11, na verdade, e isso não quer dizer que tenha ficado menos seletivo.
Aí vai, espero que leiam, ouçam, comentem e façam suas próprias listas:
11. Marina Lima – Clímax
A Marina Lima sempre foi uma compositora e intérprete muito elegante (ainda que tenha perdido a voz, eu gosto muito do resultado atual). Nesse disco parece ter voltado à boa forma. Não ia entrar na lista, mas por causa de duas músicas, a abertura com “Não me venha falar de amor”, com sua linha de baixo hipnotizante e um belo riff de guitarra e “Lex”, uma ode descarada ao Radiohead de In Rainbows (com direito a citação de “Canto de Ossanha”), ganhou lugar na lista. Na real , só duas músicas não encaixam, a cover de “Call Me” e a parceria com o Samuel Rosa, que parece uma música do Skank (o que não seria ruim, se não fosse um disco da Marina).
10. Copacabana Club – Tropical Splash
Rock dançante e muito divertido. Mùsica de festa. Funciona muito bem na pista e o show é muito bom. A produção é muito caprichada. Ainda que entenda a opção por cantarem em inglês, podiam arriscar algumas letras em português.
9. The Gilbertos – À Noite Sonhamos
Projeto do Thomas Pappon, vocalista da cultuada banda Fellini. Esse é o terceiro disco deles, dessa vez com uma acertada ênfase nas guitarras. Isso é o indie brasileiro de verdade, e o termo aqui é empregado no bom sentido.
8. Mundo Livre S/A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa
O rock samba da turma do 04 continua dando um caldo bom danado. Dessa vez está menos punk e mais espacial, mas continua malemolente que só!
7. Amabis – Memórias Luso-Africanas
Gui Amabis é produtor e trilheiro, além de ser parceiro constante da Céu (sua mulher) e do coletivo Instituto. Esse é seu primeiro disco solo, altamente recomendável. Cheio de climas elegantes e uma variação bacana de estilos nas faixas. Tem ótimas participações de Céu, Tulipa Ruiz e Criolo, dentre outros.
6. Romulo Fróes – Um Labirinto em Cada Pé
Os discos do Romulo Fróes estão ficando cada vez melhores a medida em que ele vai colocando o samba como um elemento mais diluído em sua mistura sonora. O som aqui tem uma pegada setentista de primeira, muito por conta das guitarras do Guilherme Held, que é um cara que vem despontando há algum tempo nessa nova cena paulistana, além de ser pupilo do lendário Lanny Gordin. A adição dos sopros do Thiago França também deram um toque a mais no álbum.
5. Karina Buhr – Longe de Onde
Ano passado ela já figurou no top 5 do blog e a evolução no seu segundo disco é evidente. Resultado: qualidade altíssima. E o disco ganha muito com as guitarras do Edgard Scandurra e do Fernando Catatau, mas a dona do brinquedo sem dúvida é a Karina Buhr. Algo me diz que ela ainda vai fazer muito barulho e atingir um público maior, além de ser, talvez a artista nova com maior potencial para uma carreira no exterior.
4. Marcelo Camelo – Toque Dela
Que se dane o preconceito da crítica musical pseudo-inteligente. Camelo soltou um disco muito bonito, alegre até, e muito bom! Como na maioria dos sons que têm me agradado, tem uma pegada setentista inconfundível – e por setentista entenda-se a música brasileira que era moderna na década de 70. A produção do Victor Rice deu um som bem legal à bolachinha.
3. Criolo – Nó na Orelha
Aqui estamos diante do que foi mais hype no ano. E se é hype, dá para desconfiar. Mas que está por trás desse disco do ex Criolo Doido (vinte anos de hip hop nas costas) é o Daniel Ganjaman do Instituto, como produtor, e isso é um grande indicativo de qualidade. Confesso que ainda não saquei qual é a do Criolo, se o cara é apenas zen mesmo ou se é um “Mano Brown paz e amor”. Como o que interessa é a música, recomendo muito o disco, que tem rap, afrobeat, samba, brega, trip hop e dub, e consegue manter uma unidade fantástica, com arranjos muito bons mesmo (méritos do Mr. Ganja). Agora nos resta esperar pelos próximos discos.
2. Kassin – Sonhando Devagar
Em resumo, esse é um disco totalmente crazy, que te desafia como ouvinte a cada faixa, mas ao mesmo tempo é descaradamente pop (no melhor sentido da palavra), e isso é muito raro. Some-se a tudo isso o fato de o Kassin – o produtor brasileiro mais badalado do momento – nunca se levar totalmente a sério, o que é uma das melhores qualidades que um artista pode ter. Não tivesse sido lançado o primeiro lugar, não teria para mais ninguém.
1. Metá Metá – Metá Metá
Esse disco é tão fantástico, que merece um post a parte.
Enquanto não falo sobre o melhor disco de 2011, uma breve lista dos discos que devem fazer algum barulho em 2012:
1. B Negão e os Seletores de Frequência – será que sai mesmo esse segundo disco? O primeiro é de 2003, salvo engano;
2. Black Alien – outro ex Planet Hemp que está devendo um segundo disco faz tempo;
3. Marcelo D2 – e já que estamos na seara dos ex Planets! Podem torcer o nariz, além de muito gente fina, acho o cara super talentoso, e sua contribuição para a música brasileira é inestimável. Ao que tudo indica vai lançar um disco gravado em diversas partes do mundo (com um clipe para cada faixa). Resta aguardar;
4. Rodrigo Amarante – deve sair no primeiro semestre a estréia solo do ex Los Hermanos. A expectativa é muito alta, pois talento o cara tem de sobra (prefiro suas composições, e sua voz, no Los Hermanos às do Camelo);
5. Otto – o lançamento de The Moon 1111 foi alardeado para 11/11/11, o que não ocorreu. Sabe-se que foi gravado parte em São Paulo e parte em Peixinhos (bairro de origem da Nação Zumbi), e que foi aprovado no edital da Natura Musical, o que lhe garante um lançamento decente. Otto está sempre muito bem acompanhado, e não deve desapontar;
6. Rodrigo Campos – Bahia Fantástica deve ser lançado no início do ano e já ganhou destaque no Caderno 2 do Estadão. Vejam o vídeo abaixo e tirem suas próprias conclusões.
7. Siba Veloso – o ex Mestre Ambrósio volta a pegar na guitarra, com produção do Fernando Catatau. Avante deve ser lançado também em janeiro. Outro vídeo que vale a pena:
SIBA - Ariana from DobleChapa on Vimeo.
8. Nação Zumbi – a produção dessa vez é do Kassin, e da Nação Zumbi não se pode duvidar;
9. Fiquem atentos a tudo que o Kiko Dinucci lançar ou estiver envolvido, é garantia de qualidade máxima;
10. Lurdez da Luz – também está na hora dela lançar seu segundo disco. Boto muita fé no potencial dela.
Um disco que teve tudo para figurar na lista dos melhores foi o do Bixiga 70, mas ao ouvir o disco ficou a sensação de faltar algo mais.
A banda tem sido bem comentada e seus shows bem disputados. A essência do som dos caras é misturar afrobeat e outras africanidades com funk e balanços afins. O disco é legal e tal, mas achei que ficou meio caricato – na dúvida fiquem com Budos Band e El Michaels Affair -, mas acredito que tenham potencial para achar um caminho mais autêntico, mas para isso será necessária uma imersão no universo da música brasileira.
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