segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quanto vale o show?

Quanto você pagaria por um disco?

Isso se você ainda compra discos!

Como eu compro, posso tentar responder a essa pergunta.

Discos hoje podem custar muito dinheiro, principalmente se forem raros e em vinil.

Coisas do tipo o primeiro disco do Roberto Carlos custar entre dois e cinco mil reais! E dizem que é bem fraquinho, e por isso é raro, pois o Rei, por não gostar do resultado, rapidinho proibiu sua circulação. Há até uma lenda urbana, de que pessoas a mando do Robertão sempre compram o disco quando o encontram disponível.

Os volumes racionais do Tim Maia também são um exemplo batido.

Certa vez, em 2009, estava com minha mulher em Londres e passei na Honest Johns, a loja/selo do Damon Albarn (Blur, Gorillaz e bota etc nisso). Dando uma conferida nos vinis encontrei o Paebiru, do Zé Ramalho e do Lula Côrtes. Custava 20 libras. Tive uma epifania e, cego pela ecxitação, segurei uns dois ou três exemplares na mão e disse para minha mulher que a viagem estava paga. A lógica era simples, comprar por 20 libras e vender aqui por 2.000 reais (esse era o preço do álbum no mercado de colecionadores na época, hoje não tenho idéia). É claro que, passados 20 segundos, voltei à razão e resolvi checar o motivo de o preço estar tão baixo. O resultado? Tratava-se de uma reedição gringa, um daqueles piratas quase oficiais, fabricados com base no vinil original e lançados geralmente na Europa, e pelos quais os artistas geralmente nada recebem, a não ser em termos de divulgação gratuita. Ainda bem que não abordei o vendedor, percebi tudo apenas pela contra capa do álbum, que, aliás, acabei nem levando para minha coleção (entendo o valor do disco, mas todas as vezes que tentei ouvir parei na metade da primeira faixa).

Micos a parte, tenho dois discos em vinil nos quais investi (sim, para mim esse é termo correto) uma boa grana.

O primeiro deles foi o Quem é Quem, do João Donato, pelo qual paguei na época 160 reais. Uma boa grana, certo? Mas é um disco relativamente raro, em edição da época, além de ser, claro, uma obra prima!


O outro foi o Metal Box, do Pil, ou Publlic Image Ltd.



Por esse foram 200 pilas (reais).

Também achou muito, certo?

Eu também. Mais ou menos, na verdade.

Em primeiro lugar, o vinil é importado (qualidade absurdamente superior) e original da época de seu lançamento, ou seja, 1979, quando eu tinha apenas 3 anos de idade. Além disso é triplo e sua edição foi limitada na Inglaterra e EUA já no ano de lançamento. Isso mesmo, é aquele vinil triplo lançado numa lata e que quase levou a banda à falência, cuja tiragem limitada inicial está esgotada desde então.

Ainda acha caro? Pesquisando em sites americanos encontrei por 200 dólares (lembre-se de quanto paguei).

Se você ainda está insatisfeito, esse disco é um dos mais importantes e influentes da história da música, e é triplo pois a banda achou que apenas prensando o disco em 45 rotações o som dos graves poderiam ser ouvidos como a banda queria.



Outra lenda que cerca o disco: certa vez o apartamento do Lester Bangs (o maior crítico de música daa história dos EUA e um dos melhores escritores da segunda metade do século passado) pegou fogo. Ele saiu só de cueca para rapidamente voltar ao imóvel em chamas. Adivinha qual o único objeto que fez questão de salvar, incluindo alguma muda de roupa? Isso mesmo! E você pode imaginar o que havia na coleção de discos dele, certo?

Posso dizer com todas as letras que mesmo a lata estando um pouco oxidada, e os discos terem alguns pequenos arranhões que às vezes fazem a agulha emperrar um pouco, cada audição deste álbum é um momento de prazer extremo!!!

Bom, depois de tudo isso, acho que o disco do João Donato foi muito mais caro que o do PIL.

Ainda poderia escrever aqui sobre reedições em vinil e as super reedições que recheam o mercado, mas deixo o assunto para breve.

Ouçam música, comprem discos.

Abs.

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