Ontem, segunda-feira, deixei de postar o “tradicional” cover de segunda.
Como nunca é tarde demais, quero contar uma pequena história.
Existem certos momentos acidentais no curso da vida que são tão carregados de poesia que não nos é possível guardar com egoísmo.
Escrevo isso porque ontem à noite ouvia Jeff Buckley, com fone de ouvido e no volume máximo. Ao mesmo tempo zapeava a televisão – sem som, claro – e parei na reapresentação da cerimônia do Grammy.
Eis que, quando tocava no IPod exatamente Hallelujah, rolou um vídeo no Grammy com uma homenagem a diversos artistas e pessoas ligadas à música que morreram no ano passado. Dentre eles, Malcom Mclaren (empresário dos Sex Pistols) e Don Van Vilet (Captain Beefhart), cujas fotos apareceram juntas na tela.
Difícil explicar a enxurrada de sentimentos!
Certa vez, ao assistir um documentário na TV à Cabo, vi Jon Bom Jovi dizer que o próprio Leonard Cohen havia lhe confidenciado que sua versão de Hallelujah era a de que mais gostava.
Ouvindo a versão do Jeff Buckley fica fácil concordar, pois esta não pode ser comparada com qualquer outra, tal a forma com que transcende, tornando-se uma música do próprio Jeff.
Bom, para quem não sabe, Jeff Buckley é filho de Tim Buckley, um cultuado trovador folk, que posteriormente flertou com o jazz, funk e pop, morto aos 28 anos por overdose de heroína.
Não precisa dizer que Jeff seguiu os passos do pai, literalmente, e acabou por ser tão ou mais cultuado.
Tem uma história muito curiosa, contada pelo Thom Yorke (Radiohead), que estava, na época, totalmente bloqueado para finalizar uma música, especialmente com relação ao encaixe do timbre de sua voz. Estressados com as dificuldades do processo criativo, os cabeças de rádio deram um tempo nas gravações e foram assistir a um show de Jeff Buckley em Londres. Yorke ficou tão impressionado com a performance de Bukley que foi direto do show para o estúdio e gravou em dois takes as vozes para a canção Fake Plastic Trees, para depois desabar em lágrimas.
De arrepiar!
Quanto ao Jeff Buckley, enquanto gravava seu segundo álbum, este resolveu
dar um tempo e tomar um banho em um afluente do Rio Mississipi, tarde da noite. Entrou na água de calças, botas, e cantando Whole Lotta Love do Led Zeppelin. Seu corpo foi encontrado uma semana depois próximo à nascente do Rio Mississipi, e o resto é lenda! Isso foi em 1997 e Jeff tinha 31 anos. Deixou um álbum oficial, outro póstumo e alguns registros ao vivo, todos altamente recomendáveis.
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