Há algum tempo quero escrever sobre literatura aqui no blog.
É claro que não tenho qualquer conhecimento técnico sobre o assunto, e a idéia não é ficar pagando de intelectual (algo que não sou) por aqui. Portanto, sempre que escrever sobre literatura, será sobre literatura pop, ou sei lá o que isso queira dizer.
Tudo isso para dizer que passei a semana de férias devorando a autobiografia do Keith Richards, razoável catatau de seiscentas e tantas páginas!
Achei o livro muito bem escrito. A narrativa flui bem e são muito poucos os momentos maçantes. Mesmo passagens como uma explicação sobre afinação de guitarra - um pouco extensa e complicada para leigos - e uma receita de banggers and mash (prato típico da culinária inglesa) são interessantes.
Antes da mais nada é preciso dizer que gosto muito dos Stones, e Keef é meu membro preferido na banda, além de uma espécie de totem (não exatamente um modelo de vida, mas um símbolo), o que só foi confirmado pela leitura do livro.
Bom, não dá para adiantar muito sobre a obra, não é essa a função, mas destaco aqui os pontos que mais despertaram meu interesse:
1) A história dos próprios Stones que, como não poderia deixar de ser, é também contada no livro;
2) A relação de Richards com as drogas, afinal de contas, trata-se do maior junkie de todos, o sobrevivente. Pode-se até dizer que o livro funciona como um manual de sobrevivência às drogas pesadas – heroína principalmente -.
3) A relação de amor e ódio entre Richards e Jagger. É claro que toda autobiografia é “chapa branca” e deve ser lida com o devido cuidado, mas Richards não se exime de falar sobre suas merdas e nem de dar os méritos devidos ao seu parceiro eterno.
Sem querer estragar algo, mas uma passagem hilária do livro dá conta de uma vez que Jagger ligou para Charlie Watts (o baterista, para quem não sabe) no meio da madrugada perguntando onde estava o “meu baterista”. Richards conta que passados alguns minutos Watts apareceu no quarto de hotel onde os outros dois estavam, trajado com sua costumeira elegância, e deu no vocalista um verdadeiro “soco de baterista” que quase jogou Jagger pela janela afora para dentro de um canal de Amsterdã.
A única crítica que faço é com a tradução para o português, que careceu de uma revisão por alguém afeito ao universo dos Rolling Stones, e que por isso peca com relação a algumas informações, como a de chamar Meredith Hunter – o cara assassinado pelos Hells Angels no famoso show de Altamont – de “ela”. Ainda assim, não chega a atrapalhar a leitura.
Leitura altamente recomendada, e que já me fez emendar outro livro sobre os Stones na sequência, Exile On Main Street – uma temporada no Inferno com os Rolling Stones, sobre o qual escreverei em breve.
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