NYC Ghost
& Flowers - 00
Custa a engrenar, talvez por suas
introduções alongadas ou por suas continuas quebras. É um álbum sem ganchos.
Mas a passagem do tempo soube jogar a seu favor e lhe outorgou um lugar
privilegiado na discografia do grupo. Hoje soa quase como uma sinfonia
experimental: oito movimentos que se enredam entre labirintos de guitarras,
atmosferas espectrais e relatos urbanos. É o corolário de uma série de
trabalhos paralelos que se fecharam com o duplo Goodbye 20th Century (1999). E
é também a primeira parte da trilogia com Jim O’Rourke, que assume aqui como
produtor. A influência do movimento beat se faz mais presente que nunca na arte
da capa, de Burroughs.
Murray Street – 02
Agora com Jim O’Rourke como
membro oficial da banda (e outra vez na produção, como no álbum anterior), tudo
parece indicar que começa uma nova era sônica. Não apenas no campo musical, já
que é o primeiro disco dos novaiorquinos logo após a queda das Torres, e aí
está a arte da capa que pareceria fazer referência ao ocorrido, e o título, que
assinala o lugar onde caiu um dos motores dos aviões sequestrados. A melomania
da banda alcança dessa vez o folk progressivo dos anos 70 e as canções se
expandem em vinhetas que vão desde o punk até um estranho épico de guitarras
emaranhadas.
Sonic Nurse – 04
Esse é um dos picos de uma banda
em constante movimento. A parceria com O’Rourke (músico e produtor, outra vez),
e que deixaria a banda logo após o disco, alcança seu ponto justo em dez
canções que conservam certa complexidade (outra vez infinitas partes e melodias
que entram e saem), mas aumentam seu caudal melódico. Já no início com Pattern
Recognition e Unmade Bad dizem tudo. Outros highlights: o krat de New
Hempshire, I Love You Golden Blue e a cota de Ranaldo em Paper Cup Exit. Seu
melhor disco em uma década.
Rather Ripped – 06
Com O’Rourke fora do barco, a
nave sônica parece voltar a um rock de guitarras algo mais direto que em seus últimos
trabalhos, e prova disso é o arranque a mil por hora com Reena, com Kim Gordon
cantando como nunca (recordemos que afinação não é seu forte). E com cada novo
disco o SY acresce
novos aspectos ao seu espectro sonoro, dessa vez o forte está nas combinações
harmônicas, inspiradíssimas, que permitem melodias novas ou ao menos curiosas
em seu repertório. Grudentas como marmelada, as linhas – de guitarras, de voz –
de Incinerate, do refrão de What a Waste, e toda Rats (Ranaldo, outra vez, no
nível mais alto) se destacam num disco que está à altura do anterior.
The Eternal – 09
Um degrau a mais na carreira do
quarteto, que muda de uniforme – da Geffen para a Matador – mas não perde o
cabelo nem as manhas. Seu trabalho inflamável segue equilibrando pop e
experimentalismo, mas agora a coisa apodrece um pouco, e a mão de John Agnello
na produção enche de o grupo de aspereza. Canções que bem poderiam figurar em
Evol ou em Sister dão conta de uma espécie de volta à fonte que, sem estar
claramente entre o melhor de sua carreira, oferece momentos altos em canções como
No Way ou Antenna.
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