Goo - 90
Chegaram. Contrato com a Geffen, turnê mundial com Nirvana, Dinosaur Jr., Babes in Toyland: os 90 a ponto de explodir. Se Daydream Nation era a síntese perfeita entre experimentação e pop, Goo se joga de cabeça nas melodias (e uma produção um tanto quanto mainstream, há que se dizer). Assim, milhões de amigos novos ao alcance. Tinham com o que: Titanium Expose (que riff!), Lee quebrando tudo em Mote, a cadencia de Dirty Boots e o pogo mais feliz do mundo com Kool Thing (com Chuck D do Public Enemy e um solo de guitarra que cócegas na espinha. Ah, e Disappearer, uma obra prima.
Dirty – 92
Estava aberta a brecha: o boom do
Nirvana e as bandas da cena alternativa passavam a jogar na primeira divisão. O
Sonic Youth, com a pecha de padrinho nas costas, não tinha mais que por as
cartas na mesa. Para isso, claro, chamaram Butch Vig (Nevermind), o produtor
estrela do momento. Deram um grande salto qualitativo em termos de áudio. E
tiraram da cartola várias joias para colar nas rádios: 100%, Youth Against
Fascism e, em especial, Sugar Kane. Todavia não há que se mal interpretar as
coisas: o fato de Dirty ser seu disco mais popular não quer dizer que tenha
sido uma tentativa de seguir os passos de Nevermind. Os novaiorquinos seguiram
na sua. Menção aparte para Chapel Hill e Theresa’s Sound-world, duas maravilhas
do noise progressivo.
Experimental Jet Set, Trash and No Star – 94
Dizem que depois do ruído vem o
silencio.Experimental... foi o momento de baixar. Baixar em todos sentidos: o
tom, a velocidade e, também, as expectativas. Um disco para antecipar o ocaso
da festa (a data: saiu pouco depois da morte de Kurt). O blues marca o pulso.
Assim assinala a faixa de abertura, Winner’s Blues (uma pérola do cancioneiro
de Thurston Moore). Kim Gordon tem aumentado seu protagonismo e, salvo no
pseudo hit Bull in the Heather, tudo vai em passo lento (Skink, Bone, Sweet
Shine). Sem renunciar à desaceleração, o grupo também entrega alguns rocks
(Screaming Skull, Self-Obsessed and Sexxee). A pérola: Tokio Eye.
Um novo passo da banda para
tentar voltar a andar por terrenos algo mais experimentais, sempre com a verve
melódica a essa altura inalterável, mas sim resignar seu gosto pelos pântanos eletrificados.
Assim como as canções se estendem e terminam num enxame de guitarras (quase não
há baixos no disco), chegando a picos de dez minutos (Washing Machine) e
ladeando os vinte (The Diamond Sea, uma das melodias mais belas que Thurston
Moore já compôs). A pérola do disco é a agradável Little Trouble Girl, um dueto
cândido e arrepiante entre Kim Gordon e Kim Deal (The Breeders, Pixies).
A Thousand Leaves – 98
Com Sunday como ponta de lança (e
uma rotação constante do vídeo dirigido por Harmoni Korine, em que aparecia
Macaulay Culkin), o Sonic Youth entrega um de seus discos mais complexos e
ambiciosos, tanto pela duração (uma hora e quinze), como pelos lentos e
suspensos diálogos entre guitarras, que tendem a se deixar levar pela
improvisação – o que o deixa um pouco disperso. Mais além dos típicos estouros,
A Thousand Leaves plana por paisagens bucólicas e a melancolia de peças como
Wildflower Soul ou Hits of Sunshine, essa dedicada a Allen Ginsberg.
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