terça-feira, 5 de julho de 2011

Fogo amigo, ou ...

a difícil arte de produzir hits.

Essa semana ouvi algumas vezes o segundo, e novo, álbum do Friendly Fires, lançado no Brasil pelo selo Lab344, que tem se ocupado em colocar no mercado brasileiro discos de artistas novos interessantes lançados no exterior.

Para quem não conhece, trata-se de uma banda inglesa que faz um som bem dançante, mas ainda sim bem orgânico (leia-se, com instrumentos).



O disco é bom, não dá para negar, mas cabem aqui algumas colocações:

Nada contra bandas que se repetem disco após disco. Os Ramones, por exemplo, fizeram isso magistralmente.

Essa é, sem dúvida, uma alternativa segura para a maioria das bandas.

A outra seria inovar e arriscar desconstruir algo (no caso, o som) já testado e, muitas vezes aprovado.

No caso do Friendly Fire, os dois caminhos desde logo se apresentaram perigosos.

Isso porque o disco de estréia é simplesmente excelente, uma verdadeira pérola do rock dançante, e que conta com pelo menos 5 hits certeiros.

E o que fazer depois de tanto sucesso (corroborado por shows explosivos nos principais festivais do mundo, e do Brasil, inclusive)?

Bom, eles optaram pelo caminho mais seguro da repetição, e aí vem justamente o problema desse novo disco.

Como afirmei antes, nenhum problema na repetição, desde que se alcance um resultado de qualidade tão bom ou próximo do anterior, o que o Friendly Fires simplesmente não conseguiu fazer, com o desconto de que o padrão era muito alto mesmo.

Algumas músicas desse novo álbum seriam ótimas coadjuvantes para os hits do primeiro, e chegam a superar as faixas secundárias da estréia, mas não há uma única canção que empolgue tanto como as principais do anterior.

Desconstruir o som formatado no primeiro disco poderia ser outro caminho, mais difícil, mas também instigante, o que não deixaria a banda imune às críticas.

Só para citar dois exemplos, Franz Ferdinand e Arctic Monkeys foram duas bandas (relativamente novas) que repetiram fórmulas em seus segundos álbuns, mas conseguiram manter a qualidade geral e dos singles, e que depois disso se atreveram a mudar um pouco o som nos terceiros discos (com os ferdinandos se saindo um pouco melhor que a macacada do ártico).

Resta saber o que acontecerá com os Friendly Fires daqui para frente, restando uma certeza, de que as faixas deste segundo álbum certamente ganharão muito com a impressionante performance nos shows.

Exagero crítico de minha parte ou não, deixo vocês com os hits do primeiro álbum:









6 comentários:

  1. Vejo muitas assunções ocultas e critérios implícitos. Em primeiro lugar, como julgar um trabalho como superior ao outro? Em segundo lugar, o elemento "repetição" é um valor assumido pela banda? Você cita o Ramones mas em muita coisa mudaram ao longo dos tempos: os 4 primeiros discos são muito diferentes do que veio depois. Em suma, uma suposta mudança de temas musicais/instrumentação/ritmo pode atender a diretrizes artísticas ou comerciais, e dificilmente descobriremos: o estilo atende ao decoro, ao público que se quer afetar. O que você narra é, então, uma pseudo-questão.

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  2. Caro Alexandre, é claro que se trata de uma “pseudo questão”! Estamos falando de música pop, não? Deixei claro que não achei o disco ruim, e fiz questão de ressalvar a hipótese do “exagero” do (pseudo) crítico. Afinal de contas, as críticas são, sempre, ainda que tenham algum embasamento teórico, opiniões pessoais carregadas de subjetivismo. No caso do Friendly Fires, a repetição da fórmula é uma simples (e fácil) constatação, e as coisas muitas vezes são simples mesmo. Na minha opinião, a ausência de hits do calibre daqueles existentes no primeiro álbum não parece ter sido uma opção artística, mas sim resultado da “difícil arte de se produzir hits”, mas isso pouco importa, pois apenas determinará quantas vezes mais eu ouvirei o álbum (e que fique claro que não sou um ouvinte apenas de hits, pelo contrário, mas também não os renego) . Quanto aos Ramones, realmente não vejo tanta mudança assim nos sons e fórmulas da banda, mas sim um esmero um pouco maior decorrente da produção dos álbuns ao longo do tempo, o que, sem dúvida, mostra uma opção estética, que sempre foi rechaçada nas apresentações viscerais da banda ao vivo. De qualquer forma, citei a banda como exemplo, pois penso ser o mais gritante, e, apesar de reconhecer sua relevância histórica, confesso que não tenho muita paciência para ouvi-los hoje em dia (sim, prefiro Sex Pistols e o pós-punk inglês). Obrigado pela audiência e espero “vê-lo” bastante por aqui.

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  3. Eu acho legal que você fale das bandas e divulgue as novidades. No caso do meu comentário, não foi uma censura, mas um desejo que você provasse suas colocações ocultas: 1) o que caracteriza um hit; 2) em que circunstância a repetição ou a mudança de estilo é virtude artística; 3) o que indica que um disco é pior ou melhor do que outro. Eu sinto falta, nos blogs e revistas especializadas, desses tipos de debate, sem entrar em questões acadêmicas; mas se você toca e tem um repertório bom, pode contribuir com coisas mais incomuns, desde que seja o propósito do seu blog, lógico. Eu acompanho sempre suas postagens e acho que dar um pitaco é um modo de promover discussão. Abraço.

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  4. Por exemplo, você começa afirmando "a difícil arte de produzir hits". Bem, não creio ser difícil produzir um hit, a Britney Spears, com todos os problemas pelos quais passou, já emplacou seu último disco como top em vendas, algumas canções já estão entre as 30 da Billboard. Em vez de relativizar as coisas, eu prefiro pensar em decoro artístico: uma produção é destinada a um público específico; e talvez o hit seja um público muito amplo.
    Na questão da mudança ou continuidade, será que você não vê o segundo disco como "não tão bom" quanto o primeiro justamente porque pode ter havido uma mudança no estilo? Enfim, meus comentários são somente fogo amigo, como já disse, curto as novidades postadas no blog. Abraço.

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  5. Caro Alexandre, entendi seu comentário. Minha resposta tampouco foi de censura. Tentei apenas responder suas indagações. Você tem razão quando fala do decoro artístico, e justamente por terem esse atributo aparecem aqui no blog. Continue comentando sempre que quiser, ou quando eu falar alguma "groselha" (isso não é raro). Também acho que a crítica cultural e musical em especial é muito rasa, ou chapa branca ou gratuitamente destrutiva. Abs.

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  6. Em tempo: "Você tem razão quando fala do decoro artístico, e justamente por terem esse atributo aparecem aqui no blog." Me referi aos Friendly Fires.

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