Vi hoje no blog do André Barcincki.
Segue a história e o vídeo abaixo:
"Um leitor pediu, e eu atendo. Aqui vai a história de um dos encontros mais improváveis e curiosos que já presenciei.
Janeiro de 2001. Sob um frio de 15 abaixo de zero, Zé do Caixão, todo encapotado e com as luvas com as pontas cortadas para caber suas imensas unhas, anda pelas ruas congeladas da pequena cidade de Park City, Utah, onde acontece o festival de cinema Sundance.
Um sujeito passa na nossa frente. O gorro esconde seu rosto, mas eu não poderia deixar de reconhecê-lo: poucos dias antes, sob um sol de 35 graus, eu o havia entrevistado no Rock in Rio. Era Michael Stipe, do REM.
“Michael, por favor, estamos aqui com ‘Coffin Joe’, é um cineasta underground brasileiro, ele quer te entrevistar.” Stipe pára. O papo colou. “OK, mas rapidinho, estou com pressa”.
“Quem é esse?” pergunta Mojica, que nunca ouviu falar do REM e muito menos de Michael Stipe. “Mojica, esse cara é fodão”, digo. “É um roqueiro famoso, tocou no Brasil uns dias atrás. Pega o microfone e pergunta pra ele o que achou do Brasil. Rápido, que ele tá louco pra ir embora. O nome dele é Michael, ok? Michael!”
Stipe olha, desconfiado. Toma um susto quando percebe as unhas saltando pra fora das luvas.
Mojica empunha o microfone e faz a apresentação: “Estamos aqui com... com...
Conheço essa hesitação. Significa que Mojica esqueceu o nome do sujeito.
Mas nada de pânico. Grande improvisador que é, Mojica manda na lata: “Estamos aqui com... com... um dos gigantes do rock! Me diga, o que você achou de tocar IN Brasil?
Stipe responde. Mas Mojica não presta atenção. Seus olhos estão focados num estranho objeto que o astro segura nas mãos. É uma maçã do amor. Mojica não consegue tirar os olhos da fruta.
Há uma fração de segundo em que Michael Stipe termina de responder à pergunta e olha para Mojica, esperando a pergunta seguinte. Mas não há pergunta seguinte, porque Mojica está paralisado, com os olhos vidrados na maçã do amor.
Dois grandes amigos – ambos jornalistas tarimbados - também presenciaram a cena. E os dois fazem questão de dizer que foi um dos momentos mais constrangedores de suas vidas. Não de suas vidas profissionais, entendam bem. DE SUAS VIDAS.
Felizmente, este momento foi eternizado.
O resultado foi “Mojica na Neve”, um curta-zoeira que fiz com Ivan e André Finotti, sobre nossa viagem a Sundance para apresentar o documentário “Maldito”. O link está acima (peço desculpas por um pequeno atraso do som em relação à imagem, mas dá pra assistir numa boa).
Essa viagem é, até hoje, a mais bizarra e divertida que fiz. Outros “highlights” de Mojica:
- Durante uma gravação do quadro “Repórter por um Dia”, do Fantástico, Mojica saudou os esquiadores que subiam num teleférico com gritos de “Cuidado com os espíritos errantes do gelo!!!” e “o abominável homem das neves vai pegar vocês!!!”
- Quando o cineasta Darren Aronofsky veio pagar um pau para Mojica e este descobriu que Aronofsky estava cotado para dirigir um filme do Batman, Mojica sugeriu que ele não botasse o Robin na história. “Eu sou fã do Batman e acho muito estranha essa relação dele com o Robin; não põe o Robin não, que fica muito esquisito!” Aronofsky não só atendeu ao pedido como desistiu do projeto, que acabou ficando com Christopher Nolan.
- Na cerimônia de encerramento, Mojica apareceu exultante por ter conseguido uma foto com um de seus atores prediletos, que ele identificou como “aquele negão de olho fechado”, e que depois eu vim a descobrir ser Forrest Whitaker.
Enfim, foi uma viagem inesquecível. A consagração do nosso Zé do Caixão. Vejam o curta e comprovem. Espero que gostem."
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