terça-feira, 31 de julho de 2012

The New Thing

Semana passada, graças a alguns estimulos externos coincidentes, resolvi tirar da prateleira um livro que a habitava desde o ano de 2007.


Trata-se da biografia do meu disco de jazz favorito, nada mais, nada menos, que A Love Supreme, de John Coltrane.

Quase terminando a leitura, e após ouvir o disco algumas vezes ao longo dessa semana, tenho a firme a sensação de que esse álbum tem que ser ouvido pelas pessoas mais queridas.

Esse disco é especial por diversos motivos.

Não é à toa que ele foi eleito, há alguns anos, como o segundo melhor disco de todos os tempos, em uma mega enquete (com músicos e jornalistas brasileiros) feita pelo então blog Radiola Urbana.

Faço minhas as palavras do Mr. Mamelo Sound System, Rodrigo "Audiolandro" Brandão, no texto de "apresentação" do disco no citado blog:


"Arte sacra
Qualquer ser humano cuja alma tenha sido tocada pelo poder do jazz nunca mais foi o mesmo. Se teve contato com a música do saxofonista norte-americano John Coltrane (1926-1967), a coisa fica ainda mais séria. Agora, se ouviu “A Love Supreme” então, nem se fala. Gravado em dezembro de 1964, o disco flagra o quarteto mais famoso de Trane – com McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo acústico) e Elvin Jones (bateria) – entrosado ao extremo.
Cada um desses músicos fez sua própria revolução com seus respectivos instrumentos e aqui todos eles colocam sua genialidade a serviço da criação de um líder literalmente iluminado. Quer dizer, “Blue Train” (57) e “Giant Steps” (59) já tinham provado que o gatuno egresso da banda de Miles Davis tinha muito mais a dizer, mas isso aqui vai além. Uma peça única, dividida em três atos, dedicada a Deus, o álbum foi produzido e fotografado por Bob Thiele, proprietário da lendária gravadora Impulse!, e extrapola o rótulo de clássico. Trata-se de um verdadeiro monolito de genialidade humana – gospel music que converte até o mais ferrenho dos ateus. Amém, Senhor! (Rodrigo Brandão)"

O texto tem lá suas imprecisões históricas, mas a essência da coisa está aí.

Então, o lance é mais ou menos o seguinte: o auge criativo do gênio mais corajoso e experimental do jazz; tocado pela banda mais explosiva do gênero; num formato de suíte em quatro movimentos que, se não era inédito, era absolutamente pouco usual; e que tem um componente espiritual fundamental.

Além de tudo isso, foi a única vez em que Coltrane escreveu um texto para a contra capa de um álbum e, sendo assim, mandou ver logo dois.

O primeiro é quase que uma exposição de motivos:

"DEAR LISTENER: ALL PRAISE BE TO GOD TO WHOM ALL PRAISE IS DUE. Let us pursue Him in the righteous path. Yes it is true; "seek and ye shall find." Only through Him can we know the most wondrous bequeathal.

During the year 1957, I experienced, by the grace of God, a spiritual awakening which was to lead me to a richer, fuller, more productive life. At that time, in gratitude, I humbly asked to be given the means and privilege to make others happy through music. I feel this has been granted through His grace. ALL PRAISE TO GOD.

As time and events moved on, a period of irresolution did prevail. I entered into a phase which was contradictory to the pledge and away from the esteemed path; but thankfully, now and again through the unerring and merciful hand of God, I do perceive and have been duly re-informed of His OMNIPOTENCE, and of our need for, and dependence on Him. At this time I would like to tell you that NO MATTER WHAT ... IT IS WITH GOD. HE IS GRACIOUS AND MERCIFUL. HIS WAY IS IN LOVE, THROUGH WHICH WE ALL ARE. IT IS TRULY – A LOVE SUPREME – .

This album is a humble offering to Him. An attempt to say "THANK YOU GOD" through our work, even as we do in our hearts and with our tongues. May He help and strengthen all men in every good endeavor.

The music herein is presented in four parts. The first is entitled "ACKNOWLEDGEMENT", the second, "RESOLUTION", the third, "PURSUANCE", and the fourth and last part is a musical narration of the theme, "A LOVE SUPREME" which is written in the context; it is entitled "PSALM".

In closing, I would like to thank the musicians who have contributed their much appreciated talents to the making of this album and all previous engagements.

To Elvin, James and McCoy, I would like to thank you for that which you give each time you perform on your instruments. Also, to Archie Shepp (tenor saxist) and to Art Davis (bassist) who both recorded on a track that regrettably will not be released at this time; my deepest appreciation for your work in music past and present. In the near future,
I hope that we will be able to further the work that was started here.

Thanks to producer Bob Thiele; to recording engineer, Rudy Van Gelder; and the staff of ABC-Paramount records. Our appreciation and thanks to all people of good will and good works the world over, for in the bank of life is not good that investment which surely pays the highest and most cherished dividends.

May we never forget that in the sunshine of our lives, through the storm and after the rain – it is all with God – in all ways and forever.

ALL PRAISE TO GOD.

With love to all, I thank you, "
O segundo, um poema de louvação:

"A Love Supreme

I will do all I can to be worthy of Thee O Lord.
It all has to do with it.
Thank you God.
Peace.
There is none other.
God is. It is so beautiful.
Thank you God. God is all.
Help us to resolve our fears and weaknesses.
Thank you God.
In You all things are possible.
We know. God made us so.
Keep your eye on God.
God is. He always was. He always will be.
No matter what...it is God.
He is gracious and merciful.
It is most important that I know Thee.
Words, sounds, speech, men, memory, thoughts,
fears and emotions – time – all related ...
all made from one ... all made in one.
Blessed be His name.
Thought waves – heat waves-all vibrations –
all paths lead to God. Thank you God.

His way ... it is so lovely ... it is gracious.
It is merciful – thank you God.
One thought can produce millions of vibrations
and they all go back to God ... everything does.
Thank you God.
Have no fear ... believe ... thank you God.
The universe has many wonders. God is all. His way ... it is so wonderful.
Thoughts – deeds – vibrations, etc.
They all go back to God and He cleanses all.
He is gracious and merciful...thank you God.
Glory to God ... God is so alive.
God is.
God loves.
May I be acceptable in Thy sight.
We are all one in His grace.
The fact that we do exist is acknowledgement of Thee O Lord.
Thank you God.
God will wash away all our tears ...
He always has ...
He always will.
Seek Him everyday. In all ways seek God everyday.
Let us sing all songs to God
To whom all praise is due ... praise God.
No road is an easy one, but they all
go back to God.
With all we share God.
It is all with God.
It is all with Thee.
Obey the Lord.
Blessed is He.
We are from one thing ... the will of God ... thank you God.
I have seen God – I have seen ungodly –
none can be greater – none can compare to God.
Thank you God.
He will remake us ... He always has and He always will.
It is true – blessed be His name – thank you God.
God breathes through us so completely ...
so gently we hardly feel it ... yet,
it is our everything.
Thank you God.
ELATION-ELEGANCE-EXALTATION
All from God.
Thank you God. Amen.

JOHN COLTRANE - December, 1964 "


Aliás, poema não, na verdade um salmo, que é declamado pelo saxofone no quarto e último movimento, Psalm. Prestem atenção que vale muito a pena:



O disco foi executado integralmente apenas uma vez ao vivo, na França em 1965.

Dessa apresentação restaram imagens dos dois primeiros movimentos:


Enfim, tudo isso para dizer novamente que esse é um disco que merece ser ouvido por quem gosta de música.

Melhor ainda é ter a percepção da elevação espiritual por meio da música contida no álbum. Coltrane viveu apenas mais 4 anos após a realização desse disco, uns poderiam dizer que ele não morreu, apenas se iluminou.

Para finalizar esse post, quero dizer que há pouco tempo tive uma conversa com um amigo sobre o tema espiritualidade, que foi tão reveladora quanto inspiradora.

A música desse disco faz todo sentido com tudo que conversamos.

Esse amigo faz aniversário hoje e é para ele que dedico esse post.

Espero que ele ouça um dia A Love Supreme.

Feliz ano novo meu amigo!


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Clipe novo dos The Beatles

Eita lasquera!!!!



Talvez a melhor banda oriunda da Jamaica, ou, pelo menos, a de som mais cascudo!

Vale lembrar que o destaque era dos vocalistas, mas a cozinha, com Sly e Robbie é a mais lendária da música jamaicana.

Vi no blog do Ronca Ronca.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A única banda que importa

Pois era essa a alcunha pela qual atendia essa banda maravilhosa chamada The Clash no final dos 70, início dos 80.

Para mim, a melhor banda de rock and roll de todos os tempos, e rock, aqui, não é um termo limitador, tá certo?

Além disso, é uma das bandas de história melhor documentada em vídeo que conheço, tem o filme do Don Letts que ganhou até Grammy, o documentário sobre o Joe Strummer e uma série de outros filmes que volta e meia passam na TV a cabo.

Só que agora vai sair esse filme aí embaixo (The Rise and Fall of The Clash), que promete contar a história toda diretamente de seu lado B/Dark Side.

Resta esperar, mas pelo teaser promete.




Vi, para variar, no Trabalho Sujo.

Abs.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Presentinho

Bom, e como hoje é meu aniversário, deixo esse presentinho para quem perde preciosos minutos lendo esse blog.

Obrigado mesmo!

Volto na segunda.




Também vi no Dangerous Minds.

Abs.

Um Bill Murray para pintar e chamar de seu!!!

Saca só esse livro de colorir editado pela Bellu Kids:







Simplesmente genial!!!

Vi no Dangerous Minds.

Pra cantar!



Melhor música do primeiro disco do Blur, também está na trilha, já antológica, do Trainspotting.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

50 anos hoje!!!



A banda mais paudurescente da história!!!!

Congrats!!!

Pra passar mal!!!

O Matias disse lá no Trabalho Sujo, Budos Band em São Paulo nos dias 24 e 25 de agosto, no Sesc Pompéia, claro!

É óbvio que não estarei em São Paulo nesses dias!

Se você estiver por aqui (viu Mr. Victor), vai lá que será imperdível.



Eu juro que ainda vejo esses caras em NYC!!!

Enquanto isso, curte essa resenha aqui, tirada do blog Don´t Sleep Till Brooklyn (mas já tinha lido na Radiola Urbana há um tempão):






"É impressionante, sempre que a gente toca cai uma tempestade, como se a gente chamasse a chuva!" disse Rob Lombardo, um dos percussionista da Budos Band. "Acho que vocês estão batendo nas congas com muita força", eu respondi, e disse que achava pouco provável que naquela noite isso fosse se repetir. Ele balançou a cabeça, descrente, disse um "vamos ver" de quem duvidava.

O clima estava perfeito para um passeio de barco pelo East River. O calor abafado novaiorquino era equilibrado pela brisa do rio. Só o passeio noturno, que tinha no itinerário as pontes de Williamsburg, Manhattan, Brooklyn, e uma passadinha pela Estátua da Liberdade (sem dizer o skyline delirante de NY), já seria um programa bacana. Mas os caras, num surto de crueldade, decidiram colocar a Budos Band para tocar durante este trajeto.

As 21h00 pontualmente toca a trombeta do Half-Moon anunciando a partida e todos celebram. Pouco depois de sairmos do cais, os músico já tomavam seus lugares. Uma introdução que já deixou o Half Moon chacoalhando junto mostrou a que o Budos tinha vindo. Um show tomado de climas impressionantemente visuais, como trilha sonora de um filme blaxploitation imaginário rodado no deserto do Sahara, tocados com uma fúria tamanha que a profecia se concretizou: no meio de "Cairo", uma das inéditas do show, vem uma tempestade não se sabe de onde (!!!) que lava parte da bateria e dos percussionistas. Mas eles não se abalam nem param. O público vai ao êxtase antes mesmo do show começar propriamente!

Aí se seguem "Scorpion" e "Mas o Menos" e o público já esta totalmente ganho. Os solos são contagiantes, não tem um ser parado no barco – mesmo porque nem o barco fica parado! Músicas do primeiro e do segundo discos são intercaladas com inéditas que anunciam um outro ótimo disco da Budos. Jared Tankel, sax barítono e condutor da banda comenta que pelo visto as pessoas aprovavam as músicas novas, o que é respondido pelo público com entusiasmo. E eles descem mais a mão, com "Eastbound", do primeiro disco.

Um pequeno break deixa todo mundo se olhando, alguns se perguntam "vc viu isso?" como se presenciassem uma visita alienígena. Tem um clima de momento único no ar, realmente!

Acordes de guitarra anunciam que eles estão a postos novamente. Todos que estão no andar de baixo do barco se apressam, ninguém quer perder nada. Teclado e guitarra fazem uma introdução arrastada de "The Volcano Song" seguida pelo afoxé de Rob, esperando os outros músicos se posicionarem... explodem os sopros e o clima é retomado de onde parou, como se o break não tivesse acontecido. Sem dar tempo de ninguém pensar demais, "Ride or Die" vem derrubando a porta, bem no instante que passamos sob a ponte de Manhattan. Todo mundo delira, grita, inclusive os músicos. Ao fim da música, Jared fala "Queria agradecer vocês por terem ficado para nossa segunda entrada..." e todos riem, já que nem teriamos muita opção. Mas garanto que mesmo se tivessemos, ninguém arredaria o pé dalí. Enquanto todos comentam a piada, "King Kobra" começa, fazendo a trilha para a vista da ponte que passa e o skyline. É indescritível a mistura.

Duas outras inédita devolvem o clima de festão, mas Jared ainda não está satisfeito. "Acho que já é hora de tocarmos um hit". Thomas Brenneck (também guitarrista dos DapKings), começa a tocar "My Girl" do Temptations, que vai se transformando em "His Girl", essa da Budos Band.

Enquanto eles tocam outras inéditas, a Estátua da Liberdade vai passando e, coitada, o show está tão mais interessante que pouca gente parece se importar com ela.

A última música é anunciada, sob protestos. Eles rebatem, "po, foram 2h20 de show!". Caramba, foram mesmo! Parecia menos de 1 hora! "Up from the South" é celebrada até a última gota, todos sabem que terão de levá-la pra casa. Os músicos não fazem por menos e tratam-na com carinho, se esmerando nos solos, culminando num final triunfante. Todos aplaudem extasiados, agradecem muito. Eles retribuem e dizem que tiveram uma noite inesquecível.

Segue uma fila para a saída; um cara e a namorada me perguntam de onde eu sou. Respondo e eles perguntam se eu achei tudo o que eles acharam do show. É claro que eu confirmo, mas eles achavam que como temos carnaval isso seria algo muito "branco" pra gente (vai entender). É realmente intrigante não ter nem um negro na Budos Band, mas acho que isso não significa nada. Eles também se espantam de saber que eu conhecia a banda já no Brasil, se aqui mesmo eles ainda são obscuros (de certa forma). Um outro cara se apresenta, Oyebade, diz que é "ethnomusicologist" (caceta!) nigeriano, estava morando na América, estudava a herança de Fela e o Afrobeat e achou interessante as pessoas conhecessem afrobeat no Brasil. Eu disse que não era bem assim, que a gente se esforçava para divulgar mas ainda era pouca gente que dava o devido valor. Seguimos juntos em direção ao metrô, falando disso, e de como o Fela ainda tinha muito a dar e ser divulgado.

Antes de chegarmos na estação da 6th ave com a 23th, uma barreira policial. Nos perguntamos o que seria; "It's New York", Oyebade resume. No despedimos e fomos cada um pra um lado pegar seus trens em outras estações. Curioso que sou, voltei até um cara que contava pra todo mundo o que vira. "Choveu tanto e tão forte que um galho caiu em cima de um taxi que passava na rua!". Ele contava a história entusiasmado, como se fosse a única testemunha de um fato histórico e que sua função era espalha-lo. Eu ri, acho que sei mais ou menos como ele se sentia. Eu passei pela mesma coisa nesta noite. E acho até que sei o que causou esta chuva toda..."

Honestamente lindo!!!



Ou lindamente honesto!

Arnaldo é foda!

Vi no Trabalho Sujo