Chilli Peppers, com Frusciante, e Dizzee Rascal mandando bem no camarim.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Otto e seu The Moon 1111
Aos poucos vão aparecendo informações do disco novo do Otto.
Esse vídeo é muito pouco para saber, mas parece que o álbum não será artisticamente tão livre quanto propagado, mas ainda sim promete:
Esse vídeo é muito pouco para saber, mas parece que o álbum não será artisticamente tão livre quanto propagado, mas ainda sim promete:
The Moon 1111 from Camila Valença on Vimeo.
Para encerrar, por enquanto, o assunto Nação Zumbi
E ano que vem tem disco novo, e DVD novo também!!!
Futura, uma outra resenha
Essa é do blog Impop:
"Nação Zumbi: da afrociberdelia ao afrofuturismo
Domingo, 19 Março, 2006
Futura aborda uma sonoridade psicodélica e futurista, unindo códigos ancestrais aos digitais. É o afrofuturismo da Nação Zumbi.
Quando o guitarrista Lúcio Maia avisou: “John Coltrane é afrofuturista”, durante um show no Sesc Interlagos, em 2004, revelou que a Nação Zumbi já ensaiava Futura.
O terceiro lançamento da Nação Zumbi – sétimo contando com os da era Chico Science – promove uma evolução conceitual da afrociberdelia ao afrofuturismo. Revela que, para a banda, futuro não pressupõe avanço; nem passado, retrocesso. São engajados com um propósito: criar futuros presentes. A Nação Zumbi não só moderniza o passado, introduz vertentes futuras.
Futura é um manifesto estético-musical. Faz o maracatu que pesa uma tonelada desafiar a gravidade. É espacial, levita e se desdobra em fragmentos de ritmos e harmonias. Múltiplos em ação simultânea: polirritimias africanas, texturas sônicas, analógicas e digitais, sobrepostas. A tradução do híbrido se encontra em “Voyager”. Não é convencionalmente dub, nem rock, hip hop, funk e maracatu. Original e impura.
As letras e temas do CD atestam o diálogo desafiador com as peripécias do tempo. “Hoje, amanhã e depois” aborda a previsibilidade do cotidiano com um riff de guitarra hipnótico. O dia-a-dia continua na mira em “A ilha” e “Sem preço”, destacando a mudança de percepção como força revolucionária. Por um futuro de opiniões libertárias, a Nação Zumbi ataca a manipulação das massas em “Pode Acreditar”, com uma espécie rara de baião. Mas o maracatu continua de tiro certeiro. O tempo certo está nos ritmos quebrados de “Na hora de ir”. O incerto, atemporal, surge com a transformação de Lampião em Zumbi e vice-versa, em “Memorando”. Já a inércia terapêutica, através de uma “semente que vira remédio”, aparece em “Vá buscar”. São as duas músicas que passam pelas trilhas produzidas nos discos “Rádio S.A.M.B.A” (2000) e “Nação Zumbi” (2002).
Para garantir o que está fora de controle, uma figa estampa a capa do disco. Não sem propósito, é culturalmente intuitivo. Já os tons em preto e branco são provocantes. “A idéia é a de uma psicodelia em preto e branco”, afirma Jorge du Peixe, vocalista, letrista e percussionista da NZ. Ao paradoxo estético soma-se o musical: os sons de Futura foram processados por uma parafernália vintage, sendo que com nuances inéditas. “Usamos sintetizadores moog, vocoder, reverb de mola, mas sem pensar em fazer algo retrô”, explica Jorge.
Aí se destaca a arte do produtor Scott Hard, que se empenhou para trabalhar de novo com a NZ. No disco anterior, “Nação Zumbi”, só participou da mixagem. Tendo na bagagem trabalhos com o De La Soul, Medeski, Martin & Wood entre outros, teve uma interação complementar. “Scott foi o co-produtor do disco”, reconhece Jorge.
A produção acompanhou as necessidades orgânicas da banda e foi corajosa. Valorizou as suas tantas possibilidades rítmicas sem colocar tambores, baixo e guitarra a serviço do peso, uma marca da Nação Zumbi.
As paisagens harmônicas ganharam destaque, ilustrando as imagens sugeridas pelas letras. Algo cinemático e cerebral. Um lugar único no universo da música global, vizinho dos projetos da gravadora Ninja Tune e daqueles que promovem a Inteligent Dance Music (IDM), como o Four Tet. Uma pista está na intervenção guitarrística de Lúcio em “Respirando”. Mimadas de processamentos sonoros, de incontidos efeitos e distorções, em geral, as guitarras esnobaram os tradicionais overdrive e wah wah.
Como parte integrante de um novo e instigante momento musical brasileiro, o grande gueto aberto de Zumbi, como diz Jorge du Peixe, deu abrigo à multiplicação de idéias, sotaques e novos sons produzidos por aqui. O multiinstrumentista Maurício Takara (Hurtmold) soprou atonalidades jazzísticas pelo seu trumpete em “Sem Preço”. “Na hora de ir” e “Pode acreditar” sentiram as desconstruções da guitarra de Catatau, do Cidadão Instigado. Alexandre Basa (Instituto), em “Respirando”, mostrou como a flauta transversal vive sem o Clube da Esquina e a Bossa Nova. Já Kassin (Artificial) dialogou com o baterista Pupilo através de sons percussivos produzidos em Game Boy na caótica “Expresso da elétrica avenida”.
A Nação Zumbi é uma casa grande de não-lugares urbanos, indefectíveis, embora não indentificáveis. Recife, a manguetown, já não é uma matriz soberana. “O que a gente tem de absorver de Recife já está dentro de todo mundo”, assume Jorge. Com sua voz gutural, cada vez mais bem postada, buscou diferenciais nas evoluções melódicas, dando suas alfinetadas poéticas com métricas que foram para além do hip hop. “A música oferece: tá a fim de cantar ou de falar? Como ficaram com mais harmonia e pouca rima, as possibilidades de cantar foram maiores”, explica."
"Nação Zumbi: da afrociberdelia ao afrofuturismo
Domingo, 19 Março, 2006
Futura aborda uma sonoridade psicodélica e futurista, unindo códigos ancestrais aos digitais. É o afrofuturismo da Nação Zumbi.
Quando o guitarrista Lúcio Maia avisou: “John Coltrane é afrofuturista”, durante um show no Sesc Interlagos, em 2004, revelou que a Nação Zumbi já ensaiava Futura.
O terceiro lançamento da Nação Zumbi – sétimo contando com os da era Chico Science – promove uma evolução conceitual da afrociberdelia ao afrofuturismo. Revela que, para a banda, futuro não pressupõe avanço; nem passado, retrocesso. São engajados com um propósito: criar futuros presentes. A Nação Zumbi não só moderniza o passado, introduz vertentes futuras.
Futura é um manifesto estético-musical. Faz o maracatu que pesa uma tonelada desafiar a gravidade. É espacial, levita e se desdobra em fragmentos de ritmos e harmonias. Múltiplos em ação simultânea: polirritimias africanas, texturas sônicas, analógicas e digitais, sobrepostas. A tradução do híbrido se encontra em “Voyager”. Não é convencionalmente dub, nem rock, hip hop, funk e maracatu. Original e impura.
As letras e temas do CD atestam o diálogo desafiador com as peripécias do tempo. “Hoje, amanhã e depois” aborda a previsibilidade do cotidiano com um riff de guitarra hipnótico. O dia-a-dia continua na mira em “A ilha” e “Sem preço”, destacando a mudança de percepção como força revolucionária. Por um futuro de opiniões libertárias, a Nação Zumbi ataca a manipulação das massas em “Pode Acreditar”, com uma espécie rara de baião. Mas o maracatu continua de tiro certeiro. O tempo certo está nos ritmos quebrados de “Na hora de ir”. O incerto, atemporal, surge com a transformação de Lampião em Zumbi e vice-versa, em “Memorando”. Já a inércia terapêutica, através de uma “semente que vira remédio”, aparece em “Vá buscar”. São as duas músicas que passam pelas trilhas produzidas nos discos “Rádio S.A.M.B.A” (2000) e “Nação Zumbi” (2002).
Para garantir o que está fora de controle, uma figa estampa a capa do disco. Não sem propósito, é culturalmente intuitivo. Já os tons em preto e branco são provocantes. “A idéia é a de uma psicodelia em preto e branco”, afirma Jorge du Peixe, vocalista, letrista e percussionista da NZ. Ao paradoxo estético soma-se o musical: os sons de Futura foram processados por uma parafernália vintage, sendo que com nuances inéditas. “Usamos sintetizadores moog, vocoder, reverb de mola, mas sem pensar em fazer algo retrô”, explica Jorge.
Aí se destaca a arte do produtor Scott Hard, que se empenhou para trabalhar de novo com a NZ. No disco anterior, “Nação Zumbi”, só participou da mixagem. Tendo na bagagem trabalhos com o De La Soul, Medeski, Martin & Wood entre outros, teve uma interação complementar. “Scott foi o co-produtor do disco”, reconhece Jorge.
A produção acompanhou as necessidades orgânicas da banda e foi corajosa. Valorizou as suas tantas possibilidades rítmicas sem colocar tambores, baixo e guitarra a serviço do peso, uma marca da Nação Zumbi.
As paisagens harmônicas ganharam destaque, ilustrando as imagens sugeridas pelas letras. Algo cinemático e cerebral. Um lugar único no universo da música global, vizinho dos projetos da gravadora Ninja Tune e daqueles que promovem a Inteligent Dance Music (IDM), como o Four Tet. Uma pista está na intervenção guitarrística de Lúcio em “Respirando”. Mimadas de processamentos sonoros, de incontidos efeitos e distorções, em geral, as guitarras esnobaram os tradicionais overdrive e wah wah.
Como parte integrante de um novo e instigante momento musical brasileiro, o grande gueto aberto de Zumbi, como diz Jorge du Peixe, deu abrigo à multiplicação de idéias, sotaques e novos sons produzidos por aqui. O multiinstrumentista Maurício Takara (Hurtmold) soprou atonalidades jazzísticas pelo seu trumpete em “Sem Preço”. “Na hora de ir” e “Pode acreditar” sentiram as desconstruções da guitarra de Catatau, do Cidadão Instigado. Alexandre Basa (Instituto), em “Respirando”, mostrou como a flauta transversal vive sem o Clube da Esquina e a Bossa Nova. Já Kassin (Artificial) dialogou com o baterista Pupilo através de sons percussivos produzidos em Game Boy na caótica “Expresso da elétrica avenida”.
A Nação Zumbi é uma casa grande de não-lugares urbanos, indefectíveis, embora não indentificáveis. Recife, a manguetown, já não é uma matriz soberana. “O que a gente tem de absorver de Recife já está dentro de todo mundo”, assume Jorge. Com sua voz gutural, cada vez mais bem postada, buscou diferenciais nas evoluções melódicas, dando suas alfinetadas poéticas com métricas que foram para além do hip hop. “A música oferece: tá a fim de cantar ou de falar? Como ficaram com mais harmonia e pouca rima, as possibilidades de cantar foram maiores”, explica."
E por falar no FUTURA ...
Gosto tanto desse disco, ele foi (é) tão importante para mim que está literalmente estampado na minha pele.
Mas como não consigo, nem de perto, expressar com palavras o que penso e sinto sobre o disco, colo aqui o release escrito pelo Alex Antunes:
"A Nação Zumbi é uma banda intrigante: sempre muito fácil de se ouvir e de se gostar – e cada vez mais difícil de definir. Futura, seu sexto álbum, espécie de síntese brilhante desses treze anos de carreira, e marco de sua consagração como banda internacional, é também um disco avesso a classificações fáceis.
A presença do novaiorquino Scotty Hard como produtor dá a dica de um approach possível: Hard foi o engenheiro responsável por clássicos do hip hop como De La Soul Is Dead e Wu-Tang Forever. Ele já tinha roubado a cena mixando o álbum anterior da Nação.
Mas, por mais que Futura se aproveite da destreza tímbrica do gringo, de seus filtros ácidos e beats em planos bem-delineados, este não é um disco de hip hop – e nem sequer de electrorock. Na verdade, os usuais scratches foram substituídos por breves efeitos em equipamentos vintage (moog, rhodes, vocoder, casio, synkey; nos quais a banda e o produtor se revezam).
A Nação Zumbi se equilibra cada vez melhor entre o seu poderio rítmico inquestionável (sempre a cargo de Toca Ogan, Gilmar Bolla 8, Pupillo, Marcos Matias e Da Lua), e climas e melodismos cada vez mais ricos e imagéticos. A (est)ética grupal da Nação Zumbi na verdade parece conectar duas épocas de exuberância e generosidade social e cultural.
Cunhando o sensacional termo “psicodelia em preto-e-branco”, eles bebem cada vez mais na fonte groovy do início dos anos 70 (o dub, o soul-funk, o afrobeat, o nacionalíssimo samba-rock-soul, e até num quê das trilhas de Ennio Morricone ou de John Barry presente em algumas guitarras melífluas de Lúcio Maia) para projetar um futuro de tecnocoletivismos, de guerrilhas psicossônicas...
A Nação Zumbi é dona de um show poderosíssimo, testado e reverenciado nos palcos de festivais de todo o Brasil, da Europa e EUA (e que foi devidamente registrado num ótimo DVD). Ao vivo, o repertório mesclado de todas as fases se impõe pela força quase ritual da apresentação, e pelo impacto propriamente físico do som.
Futura, o novo álbum da Nação Zumbi, deve render várias músicas para o repertório standard do grupo. “A Ilha”, “Voyager” e a mística “Vai Buscar”, por exemplo, tem um poder de fogo funk-rock setentista, apoiado nos baixos turbinados de Dengue, com aquela pegada que faz da Nação o que ela é.
Mas Futura é variedade. “Na Hora de Ir”, inspirada pelo frevo e por Roberto Carlos, torna-se um drum’n’bass orgânico e cinematográfico, com o reforço da guitarra alternadamente jazzy e sci-fi de Catatau (Cidadão Instigado). Esse velho colaborador da Nação que comparece ainda no baião-blues psicodélico de “Pode Acreditar” e em “Memorando”, onde a malemolência do afrobeat e da ciranda é mais notável.
Os ritmos pernambucanos flertam ainda com o space-rock e o western-spaghetti em “Respirando”, e com o metal progressivo em “Sem Preço”, um acid-frevo cuja mistura inusitada de sopros (a cargo de Maurício Takara, do Hurtmold), guitarras e synth aproximam curio-samente a Nação Zumbi do Mars Volta.
O tal Morricone ainda contamina, entre outras, o dub-rock que dá título ao álbum, e “Hoje, Amanhã e Depois”, onde as congas alimentam uma certa pasión latina rebatida pelo vocoder (aquela voz de robô típica da disco). Já na lenta, climática e instrumental “Nebulosa”, o berimbau duela com a guitarra viajante. Finalmente, Kassin providencia beats de gameboy para o technosurf (!) “O Expresso da Elétrica Avenida”.
Futura pode ser considerado a conclusão da segunda trilogia do grupo, a “trilogia da afir-mação”. Se a primeira trinca (Da Lama ao Caos, 94; Afrociberdelia, 96; CSNZ, 97) cobre a fase bombástica e inicial da Nação, ainda com Chico Science, este segundo tripé iniciado com Rádio S.AMB.A. (2000) e continuado com Nação Zumbi (2002) chega agora ao seu ápice. A Nação Zumbi não tem mais nada a provar. Futura – CQD.
Em outra analogia brincalhona, a banda se define como um filme feito em parceria pelo cineasta-mascate Simeão Martiniano e por Jim Jarmusch. A diversidade de Futura é síntese não só da Nação Zumbi como banda em si, mas do seu constante caleidoscópio de iniciativas e projetos paralelos, em anos de know how adquirido em diferentes frentes.
Aí cabem desde a ótima trilha para o longa Amarelo Manga, a bem-sucedida carreira de produtor do baterista Pupillo, bandas paralelas como Los Sebozos Postiços e a Orquestra Manguefônica, até a experiência de Lúcio Maia como guitarrista da banda nu-metal de Max Cavalera.
Frequentemente disfarçados sob pseudônimos provocativos (Pixel 3000, Jackson Bandeira, Amaro Satélito, Djeiki Sandino, Nino Broccolli, Fortrex), os guerrilheiros da Tropa de Todos os Baques reafirmam seu recado. “Manifestando e contaminando pelos fones nunca surdos/ microfones nunca mudos/ através das entidades sampleadas que dançam o absurdo/ nos canteiros da galáxia nervosa/ falando com o ouvido do mundo/ plugue-se/ ligue-se e vá longe”.
Alex Antunes"
Mas como não consigo, nem de perto, expressar com palavras o que penso e sinto sobre o disco, colo aqui o release escrito pelo Alex Antunes:
"A Nação Zumbi é uma banda intrigante: sempre muito fácil de se ouvir e de se gostar – e cada vez mais difícil de definir. Futura, seu sexto álbum, espécie de síntese brilhante desses treze anos de carreira, e marco de sua consagração como banda internacional, é também um disco avesso a classificações fáceis.
A presença do novaiorquino Scotty Hard como produtor dá a dica de um approach possível: Hard foi o engenheiro responsável por clássicos do hip hop como De La Soul Is Dead e Wu-Tang Forever. Ele já tinha roubado a cena mixando o álbum anterior da Nação.
Mas, por mais que Futura se aproveite da destreza tímbrica do gringo, de seus filtros ácidos e beats em planos bem-delineados, este não é um disco de hip hop – e nem sequer de electrorock. Na verdade, os usuais scratches foram substituídos por breves efeitos em equipamentos vintage (moog, rhodes, vocoder, casio, synkey; nos quais a banda e o produtor se revezam).
A Nação Zumbi se equilibra cada vez melhor entre o seu poderio rítmico inquestionável (sempre a cargo de Toca Ogan, Gilmar Bolla 8, Pupillo, Marcos Matias e Da Lua), e climas e melodismos cada vez mais ricos e imagéticos. A (est)ética grupal da Nação Zumbi na verdade parece conectar duas épocas de exuberância e generosidade social e cultural.
Cunhando o sensacional termo “psicodelia em preto-e-branco”, eles bebem cada vez mais na fonte groovy do início dos anos 70 (o dub, o soul-funk, o afrobeat, o nacionalíssimo samba-rock-soul, e até num quê das trilhas de Ennio Morricone ou de John Barry presente em algumas guitarras melífluas de Lúcio Maia) para projetar um futuro de tecnocoletivismos, de guerrilhas psicossônicas...
A Nação Zumbi é dona de um show poderosíssimo, testado e reverenciado nos palcos de festivais de todo o Brasil, da Europa e EUA (e que foi devidamente registrado num ótimo DVD). Ao vivo, o repertório mesclado de todas as fases se impõe pela força quase ritual da apresentação, e pelo impacto propriamente físico do som.
Futura, o novo álbum da Nação Zumbi, deve render várias músicas para o repertório standard do grupo. “A Ilha”, “Voyager” e a mística “Vai Buscar”, por exemplo, tem um poder de fogo funk-rock setentista, apoiado nos baixos turbinados de Dengue, com aquela pegada que faz da Nação o que ela é.
Mas Futura é variedade. “Na Hora de Ir”, inspirada pelo frevo e por Roberto Carlos, torna-se um drum’n’bass orgânico e cinematográfico, com o reforço da guitarra alternadamente jazzy e sci-fi de Catatau (Cidadão Instigado). Esse velho colaborador da Nação que comparece ainda no baião-blues psicodélico de “Pode Acreditar” e em “Memorando”, onde a malemolência do afrobeat e da ciranda é mais notável.
Os ritmos pernambucanos flertam ainda com o space-rock e o western-spaghetti em “Respirando”, e com o metal progressivo em “Sem Preço”, um acid-frevo cuja mistura inusitada de sopros (a cargo de Maurício Takara, do Hurtmold), guitarras e synth aproximam curio-samente a Nação Zumbi do Mars Volta.
O tal Morricone ainda contamina, entre outras, o dub-rock que dá título ao álbum, e “Hoje, Amanhã e Depois”, onde as congas alimentam uma certa pasión latina rebatida pelo vocoder (aquela voz de robô típica da disco). Já na lenta, climática e instrumental “Nebulosa”, o berimbau duela com a guitarra viajante. Finalmente, Kassin providencia beats de gameboy para o technosurf (!) “O Expresso da Elétrica Avenida”.
Futura pode ser considerado a conclusão da segunda trilogia do grupo, a “trilogia da afir-mação”. Se a primeira trinca (Da Lama ao Caos, 94; Afrociberdelia, 96; CSNZ, 97) cobre a fase bombástica e inicial da Nação, ainda com Chico Science, este segundo tripé iniciado com Rádio S.AMB.A. (2000) e continuado com Nação Zumbi (2002) chega agora ao seu ápice. A Nação Zumbi não tem mais nada a provar. Futura – CQD.
Em outra analogia brincalhona, a banda se define como um filme feito em parceria pelo cineasta-mascate Simeão Martiniano e por Jim Jarmusch. A diversidade de Futura é síntese não só da Nação Zumbi como banda em si, mas do seu constante caleidoscópio de iniciativas e projetos paralelos, em anos de know how adquirido em diferentes frentes.
Aí cabem desde a ótima trilha para o longa Amarelo Manga, a bem-sucedida carreira de produtor do baterista Pupillo, bandas paralelas como Los Sebozos Postiços e a Orquestra Manguefônica, até a experiência de Lúcio Maia como guitarrista da banda nu-metal de Max Cavalera.
Frequentemente disfarçados sob pseudônimos provocativos (Pixel 3000, Jackson Bandeira, Amaro Satélito, Djeiki Sandino, Nino Broccolli, Fortrex), os guerrilheiros da Tropa de Todos os Baques reafirmam seu recado. “Manifestando e contaminando pelos fones nunca surdos/ microfones nunca mudos/ através das entidades sampleadas que dançam o absurdo/ nos canteiros da galáxia nervosa/ falando com o ouvido do mundo/ plugue-se/ ligue-se e vá longe”.
Alex Antunes"
FUTURA
Conforme prometido, um pouco sobre esse disco maravilhoso.
Nem sei ao certo a razão desse disco ter batido tão bem na minha orelha.
Alguns motivos para tentar entender isso:
1. a Nação Zumbi (melhor banda do Brasil desde Os Mutantes) estava tinindo;
2. com uma produção de primeira, dividida entre a banda e o americano Scotty Hard (Wu Tang Klan e Medeski Martin and Woods, dentre outros), o álbum soa bem diferente dos anteriores;
3. os tambores estão lá, mas são apenas um detalhe em segundo plano, o que, nesse caso, foi uma idéia acertadíssima;
4. o disco não é de dub, mas este permeia toda a produção, climática, pesadona;
5. Lúcio Maia achou uma pegada meio surf music, meio trilha do Morricone;
6. no campo pessoal, o ano era 2005 e meu primeiro filho tinha acabado de nascer;
7. fui a 4 shows dessa turnê em São Paulo, todos animalescos, ainda que bem diferentes entre si.
Esse é um disco para ser ouvido diversas vezes, de preferência com um ótimo fone de ouvido, e já aviso, ele pode não descer redondo de primeira (como muitos dos grandes álbuns já gravados), mas a hora em que bate, não te larga mais.
Aliás, tenho um sonho muito doido, se pudesse, bancava uma edição em vinil, em 45 polegadas, para os graves descerem mais redondos.
Pupillo, Dengue e cia merecem, e muito!!!
Segue uma pequena amostra:
Nem sei ao certo a razão desse disco ter batido tão bem na minha orelha.
Alguns motivos para tentar entender isso:
1. a Nação Zumbi (melhor banda do Brasil desde Os Mutantes) estava tinindo;
2. com uma produção de primeira, dividida entre a banda e o americano Scotty Hard (Wu Tang Klan e Medeski Martin and Woods, dentre outros), o álbum soa bem diferente dos anteriores;
3. os tambores estão lá, mas são apenas um detalhe em segundo plano, o que, nesse caso, foi uma idéia acertadíssima;
4. o disco não é de dub, mas este permeia toda a produção, climática, pesadona;
5. Lúcio Maia achou uma pegada meio surf music, meio trilha do Morricone;
6. no campo pessoal, o ano era 2005 e meu primeiro filho tinha acabado de nascer;
7. fui a 4 shows dessa turnê em São Paulo, todos animalescos, ainda que bem diferentes entre si.
Esse é um disco para ser ouvido diversas vezes, de preferência com um ótimo fone de ouvido, e já aviso, ele pode não descer redondo de primeira (como muitos dos grandes álbuns já gravados), mas a hora em que bate, não te larga mais.
Aliás, tenho um sonho muito doido, se pudesse, bancava uma edição em vinil, em 45 polegadas, para os graves descerem mais redondos.
Pupillo, Dengue e cia merecem, e muito!!!
Segue uma pequena amostra:
Que Lenda!!!
Depois de ontem, nada mais apropriado que o queridinho do Galvão comendo poeira na ultrapassagem mais bonita de todos os tempos!!!
Aliás, nada mais politicamente correto que o Senna! Um dos maiores expoentes da Lucianohuckização do Brasil!!!
Que falta que tu faz Piquet!!!
Aliás, nada mais politicamente correto que o Senna! Um dos maiores expoentes da Lucianohuckização do Brasil!!!
Que falta que tu faz Piquet!!!
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Duas versões
Duas versões acachapantes dessa música da Lurdez da Luz - uma das melhores coisas do rap nacional em todos os tempos.
A menina é muito talentosa e acho que ainda vai dar muito o que falar.
A música é a mesma, e além de ser muito boa, a diferença nos arranjos justifica totalmente assistir aos vídeos na sequência.
Vai na fé que não enjoa não.
Ps. ontem ela tocou essa música no Grêmio Recreativo MTV, com outra banda e arranjo um pouco diferente. Assim que aparecer na rede subo aqui.
A menina é muito talentosa e acho que ainda vai dar muito o que falar.
A música é a mesma, e além de ser muito boa, a diferença nos arranjos justifica totalmente assistir aos vídeos na sequência.
Vai na fé que não enjoa não.
Ps. ontem ela tocou essa música no Grêmio Recreativo MTV, com outra banda e arranjo um pouco diferente. Assim que aparecer na rede subo aqui.
Discoteca básica
Ontem ouvi de novo (duas vezes) esse álbum da Nação Zumbi.
Fazia muito tempo que não o ouvia, mas sua audição ainda martela demais minha cabeça.
Esse é um dos discos mais importantes da minha vida e em breve escreverei mais sobre ele.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Emicida no programa do Ratinho.17/11/2011
Um raro, raríssimo, exemplo de como a TV aberta pode ser inteligente, divertida e popular ao mesmo tempo.
Nunca pensei que diria isso: parabéns Ratinho!!!
Emicida é o cara!!!
Ps. peguei no blog do Ronca Ronca, o Tico Tico
Bom final de semana
Nunca pensei que diria isso: parabéns Ratinho!!!
Emicida é o cara!!!
Ps. peguei no blog do Ronca Ronca, o Tico Tico
Bom final de semana
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Fenemê
Aproveitando a onda da boa apresentação do Faith No More no SWU, uma tiração de onda da banda com a Lady Gaga:
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Mais SWU
Minhas impressões sobre o último dia do festival:
1. Sonic Youth - selvagem e histórico! Integridade artística até o final!
2. Primus - simples e legal, como nos velhos tempos.
3. Megadeth - já falei algumas vezes minha teoria sobre heavy metal, não preciso ficar repetindo. Duas músicas muito legais, Hangar 18 e Holy Wars, e nada mais.
4. Stone Temple Pilots - muito parecido com o show de dezembro do ano passado. Competente e fácil de agradar à galera.
5. Alice In Chais - das bandas de Seatle, tirando a justa empolgação inicial com Smells Like Teen Spirit e o Nevermind, o Alice In Chais foi a que mais fez minha cabeça na época. Só que com esse vocalista novo, que fica longe de comprometer, parce cover de si mesmo. Melhor ouvir os cds velhos de guerra.
6. Faith no More - ainda não rolou, mas deve ser, em termos gerais, o melhor show do festival, pois a matemática é simples: muitos hits e banda super competente.
Tá certo, gosto das coisas dos anos 90, cresci musicalmente nessa época e muitos dos sons têm um apelo emocional grande, mas ficou uma sensação de várias auto paródias, covers de si mesmos.
O line up do ano passado estava infinitamente superior.
Vejamos o ano que vem.
1. Sonic Youth - selvagem e histórico! Integridade artística até o final!
2. Primus - simples e legal, como nos velhos tempos.
3. Megadeth - já falei algumas vezes minha teoria sobre heavy metal, não preciso ficar repetindo. Duas músicas muito legais, Hangar 18 e Holy Wars, e nada mais.
4. Stone Temple Pilots - muito parecido com o show de dezembro do ano passado. Competente e fácil de agradar à galera.
5. Alice In Chais - das bandas de Seatle, tirando a justa empolgação inicial com Smells Like Teen Spirit e o Nevermind, o Alice In Chais foi a que mais fez minha cabeça na época. Só que com esse vocalista novo, que fica longe de comprometer, parce cover de si mesmo. Melhor ouvir os cds velhos de guerra.
6. Faith no More - ainda não rolou, mas deve ser, em termos gerais, o melhor show do festival, pois a matemática é simples: muitos hits e banda super competente.
Tá certo, gosto das coisas dos anos 90, cresci musicalmente nessa época e muitos dos sons têm um apelo emocional grande, mas ficou uma sensação de várias auto paródias, covers de si mesmos.
O line up do ano passado estava infinitamente superior.
Vejamos o ano que vem.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
SWU hoje
Algumas impressões:
1. Chris Cornell - a voz estava muito boa. Fiquei impressionado com a atenção da platéia, considerando uma apresentação só de voz e violão;
2. Duran Duran - gosto muito. Repertório infalível, um bom disco novo e a banda bem azeitada, apesar da idade. Ficou apenas uma sensação de que num lugar menor e para um publico mais cativo seria bem melhor;
3. Peter Gabriel - voz maravilhosa. Show sensacional, muito bonito. Mais uma vez me surpreendeu a atenção da platéia. Shows como esse são ótimos para educar o publico brasileiro de festivais;
4. Lynard Skynnard (acho que é assim que se escreve)- um dinossauro do rock, e como tal pesado, arrastado e extinto. Em resumo, muito, mas muito chato! Pra quem ainda compra o sonho da vida na estrada no Sul dos Estados Unidos. Impossível esperar pelas duas ultimas músicas. Pra finalizar, paciência zero para Classic rock. E que falta fez uma apresentação do Neil Young. Se bem que um ZZ Top tambem não faria feio.
5. Resumo da noite - no dia da terceira idade os melhores shows foram aqueles cheios de silêncios!
Nos falamos amanha, dia dos anos 90.
Abs
1. Chris Cornell - a voz estava muito boa. Fiquei impressionado com a atenção da platéia, considerando uma apresentação só de voz e violão;
2. Duran Duran - gosto muito. Repertório infalível, um bom disco novo e a banda bem azeitada, apesar da idade. Ficou apenas uma sensação de que num lugar menor e para um publico mais cativo seria bem melhor;
3. Peter Gabriel - voz maravilhosa. Show sensacional, muito bonito. Mais uma vez me surpreendeu a atenção da platéia. Shows como esse são ótimos para educar o publico brasileiro de festivais;
4. Lynard Skynnard (acho que é assim que se escreve)- um dinossauro do rock, e como tal pesado, arrastado e extinto. Em resumo, muito, mas muito chato! Pra quem ainda compra o sonho da vida na estrada no Sul dos Estados Unidos. Impossível esperar pelas duas ultimas músicas. Pra finalizar, paciência zero para Classic rock. E que falta fez uma apresentação do Neil Young. Se bem que um ZZ Top tambem não faria feio.
5. Resumo da noite - no dia da terceira idade os melhores shows foram aqueles cheios de silêncios!
Nos falamos amanha, dia dos anos 90.
Abs
domingo, 13 de novembro de 2011
sábado, 12 de novembro de 2011
SWU
Diretamente do festival SWU (na frente da TV, claro!).
O tal do Kanye West está no palco. Dizem que ele é um gênio!
Ainda não consegui captar a genialidade do cara.
Acho que ele tem umas três ou quatro músicas bacanas e só. É estrela pra cacete, mala mesmo.
Do pouco que já rolou do show, tudo me pareceu pretensioso demais e muito, mas muito chato mesmo!
Na boa, o doidão Snoop Doogy fez show antes, com banda, cenário completo e umas dançarinas muito diferentes das bailarinas do Kanye, e arrebentou.
Logo mais tem o Black Eyed Peas, que nem vou comentar, pois devem quebrar tudo mesmo com a competência de sempre.
O tal do Kanye West está no palco. Dizem que ele é um gênio!
Ainda não consegui captar a genialidade do cara.
Acho que ele tem umas três ou quatro músicas bacanas e só. É estrela pra cacete, mala mesmo.
Do pouco que já rolou do show, tudo me pareceu pretensioso demais e muito, mas muito chato mesmo!
Na boa, o doidão Snoop Doogy fez show antes, com banda, cenário completo e umas dançarinas muito diferentes das bailarinas do Kanye, e arrebentou.
Logo mais tem o Black Eyed Peas, que nem vou comentar, pois devem quebrar tudo mesmo com a competência de sempre.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Sauna de cocô
Título bizarro não?
Vejam o vídeo e vão entender.
É um mashup de uma música da banda Sleep, de título Holy Moiuntain, com o trecho do filme Holy Mountain”, do diretor Alejandro Jodorowsky.
Vi hoje no blog do André Barcinski, e a piração é gigantesca!!!
Ps. Está um pouco difícil conciliar blog com trabalho e um bando de filhos, mas continuamos por aqui, não desistam não!
Vejam o vídeo e vão entender.
É um mashup de uma música da banda Sleep, de título Holy Moiuntain, com o trecho do filme Holy Mountain”, do diretor Alejandro Jodorowsky.
Vi hoje no blog do André Barcinski, e a piração é gigantesca!!!
Ps. Está um pouco difícil conciliar blog com trabalho e um bando de filhos, mas continuamos por aqui, não desistam não!
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